Os mosquitos

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Fiquei mais dois ou três minutos na água e saí, me vesti e desci, estava com fome. Comi algo fácil, não me lembro direito, desde que li aquela carta eu não conseguia parar de pensar nela.
Sentei me na varanda e sentia o vento passar pela minha pele e eriçar cada centímetro com um arrepio frio. Vi novamente insetos rodeando uma lâmpada, o que me fez lembrar novamente de meus problemas, não eram coisas gigantes, mas me afetavam. Eles me faziam deixar de ser quem eu realmente sou, me deixavam com medo e insegura. O que me aflingia ia desde uma discussão boba com amigos, até uma pressão incessante sobre meu futuro. Eu não tinha certeza do que eu queria.
De uns meses pra cá eu tenho me tornado melancólica e não gostava disso.
Tive meus pensamentos novamente interrompidos com o barulho do portão, meu vizinho havia chego. Não era O vizinho, era só um cara que morava nos fundos e dividia o aluguel comigo, ele sempre foi quieto e observador. Admirava isso nele e pensei que poderia me tornar isso, mas não conseguia aguentar essa quietude das coisas, tanto silêncio me deixava doente, minha mente falava alto e me cobrava coisas que me faziam ficar pressionada.
O nome dele era Hugo, trocamos umas três ou quatro palavras, mas a maioria eram "bom dia" ou "boa tarde", ultimamente respondidos com apenas um aceno.
A casa dele era sempre silenciosa, o que me deixava intrigada. Lembrei dos mosquitos de novo, será que eles rodeavam a lâmpada por causa disso ?
Bom, não sei, outra coisa me veio na cabeça, será que ele irá na festa do vizinho novo ? Ele não tem cara de quem curte essas coisas.
Abdiquei das minhas hipóteses e deixei o jovem solitário da casa dos fundos ir cuidar da própria vida, enquanto eu cuidava da minha.

 Levantei, arrumei minha cama e deitei. Demorei cerca de cinco minutos até mergulhar no mundo dos meus sonhos.

Perdida Em Mil Versões ( Em Processo)Onde histórias criam vida. Descubra agora