"As coisas estavam indo bem, estavam realmente bem, eu tava diferente e sabia disso. Minha rotina havia mudado, agora eu estou o tempo todo conversando, com Amélia ou com Antônio. Acho que enfim as coisas vão dar certo pra mim, sinto isso e "
Eu estava escrevendo quando fui interrompida:
- Está fazendo algo de melhor do que prestar atenção na aula mocinha ? - Perguntou meu professor de urbanismo.
- Ah.. - Eu ia responder, mas percebi que a sala toda me olhava, achei melhor só abrir um sorriso amarelo e baixar minha cabeça. Parece ter funcionado, a aula já havia voltado ao normal.
Exceto por um detalhe, Amélia, do meu lado, seu sorriso denunciava sua ansiedade em descobrir sobre o que eu escrevia, ela provavelmente havia lido seu nome ali. Apenas sorri pra ela e voltei à escrever.
Eu não podia me conter, não conseguia, aquilo tudo já estava assim há apenas uma semana e eu já estava pirando de alegria. Mal podia esperar tocar o sinal que anunciava o fim do último período.
E tocou.
Tocou e eu acompanhei Amélia pelos corredores, até a sala do Antônio, onde ela e eu nos separávamos e seguíamos caminhos distintos.
Ali eu esperava ele para ir embora.
-Eai ! Vamos ? - cumprimentou ele.
- Sim senhor - eu respondi.
E fomos, a gente já não falava mais sobre futuro e sim sobre as aulas, sempre cansativas.
Entrando no carro eu percebi que seria diferente, ele cortou o assunto e começou à falar de mim, não fazíamos isso. Sou tímida demais. Mas não me importei, era fofo.
- Você é linda, sabia ?
Eu não sabia responder, então só sorria.
Um silêncio constrangedor tomou o carro, e Antônio começou à avançar para um possível beijo.
Me apavorei, eu não sabia o que fazer, gostava dele mas eu não queria, não queria beija - lo, agora não. Não ali.
Então eu vi a chave do carro e tirei da ignição.
- Meu pai falou que se ela fica muito tempo ali com o carro desligado, pode queimar. Melhor não arriscar, né ? - foi o que eu disse, depois de terminar isso eu vi o quão idiota foi, por que eu fiz aquilo ? Foi ridículo!
Ele ficou sem graça e sorriu:
- Obrigado, segurança em primeiro lugar HAHAH
Acho que ele entendeu, mas aquele momento constrangedor se estendeu por todo o dia, aliás, por toda a noite.
Cheguei em casa e na hora que fui descer do carro dele o Hugo passou, cumprimentei ele com um sorriso e nós dois passamos pelo portão.
Eu havia percebido que o carro de Antônio não havia partido assim que eu desci, mas não achei importante ligar pra isso.
