A festa

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Estava à alguns metros do portão, quando vi, o vizinho novo estava começando à receber os convidados para sua festa, eu não iria, não estava afim. Só peguei minha chave e dei as duas voltas na tranca.
Enfim em casa, joguei minhas coisas no sofá, minha chave na mesa e soltei um longo suspiro enquanto prendia meu cabelo num coque.
Tudo de novo, liguei a torneira para encher a banheira e liguei também o wi fi do celular, dessa vez com uma animação além.
Ouvia passos da casa ao lado, o chão de madeira denunciava cada movimento do meu companheiro praticamente desconhecido. Fiquei tentando imaginar como ele seria, tipo, não fisicamente, mas psicologicamente. Eu ouvia a voz dele algumas vezes, mas não sabia dizer se era grossa ou fina, eu só ouvia.
Então fiquei imaginando, como seria, por que ele mora sozinho, por que é tão quieto, será que ele é como eu...
Meus pensamentos foram interrompidos pela campainha, o que me fez desligar rapidamente a torneira e colocar de volta a camiseta que havia acabado de tirar.
Gritei um " já vai", mas a pessoa pareceu não ouvir, continuava tocando a campainha.
- oi - exclamei, ofegante, ao chegar na garagem.
- olá, tudo bom ? Posso estacionar meu carro aqui na frente ? Vai atrapalhar ?
Era uma jovem sorridente e alta. Aparentemente estava indo à festa do vizinho novo, o que me chocou um pouco, a lista de convidados era maior do que eu imaginava.
- Pode sim, eu não tenho carro. - a última parte foi desnecessária.
Ela agradeceu com um breve sorriso, deixei minhas manias aflorarem e logo que percebi eu estava analisando ela. Não, eu não estava parada olhando pra ela ou algo do tipo, ela só parecia animada, essa festa realmente deve estar prometendo ser boa.
Uma pontada de curiosidade invadiu meu corpo, mas eu me contive, nunca fui uma garota de festas, sou a garota que deixa os outros estacionarem o carro na frente de casa. Não estou reclamando.
Subi, tirei a camiseta, a saia, o sutiã, a calcinha e me deixei afundar na banheira.

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Eu estava escrevendo no meu caderno de anotações quando aconteceu, súbito como um ataque de tubarão, me brotou uma ideia fixa, eu precisava falar com a menina da faculdade, mas como ? Eu não sabia o nome dela, ou seu telefone. Por que ela não havia me passado ? Será que tinha algo de errado ?
Sabe, se tivesse, eu não sei se me importaria, eu precisava de atenção e, por mais estranha que ela parecesse, era isso que aquela menina estava me oferecendo. Então tentei me acalmar e só pensar em como tinha sido bom "externalisar" tudo aquilo hoje.

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Perdida Em Mil Versões ( Em Processo)Onde histórias criam vida. Descubra agora