A música da festa estava entrando em meus ouvidos e eu comecei à me deixar levar por aquilo, comecei à pensar comigo mesma se seria legal dar uma passada lá, eu poderia me animar.
Não! O que é isso ? O que eu estou pensando ? Eu nunca vou à festas, sei que é chato, por mais legal que pareça ser, eu nunca consigo me divertir.
Mas no fim, acabei indo. Coloquei uma camiseta e uma legging, na tentativa de me enganar dizendo que eu não estava indo para uma festa.
A música era realmente envolvente e parecia me abraçar, quando dei por mim eu já estava tocando a campainha.
Eu não sei por que raios toquei aquela campainha, ninguém iria ouvir, a música era alta demais.
Porém eu estava errada, ouviram, e rapidamente me atenderam, só que pra minha surpresa, eu não fui recebida por um estranho, era o cara com quem eu trombei de manhã.
- Antônio ? - perguntei, esperando que fosse um engano.
- Eu mesmo, que surpresa saber que você é minha vizinha, muitas coincidências, não ? - começou ele, como quem estava realmente afim de conversar sobre as curiosidades da vida.
- Ah, sim. Eu acho - respondi.
- Entra ! Eu vou pegar alguma coisa pra você, o que quer ?
- Não precisa se preocupar, acabei de comer.
- Comeu pra vir à uma festa ?
- Eu não ia vir.
- Que bom que mudou de ideia. Gostei da roupa. - Falou ele, e logo que terminou me lançou um sorriso, brilhante e que me fez perder, por um segundo, toda a minha razão.
- Obrigada. - sorri de volta.
E assim seguiu a noite, conversamos sobre diversas coisas, trocamos nossos telefones, descobrimos muitos pontos em comum e, por uma noite, eu deixei de ser tão reservada.
Estávamos sentados no balcão da cozinha dele, comendo coxinha, quando olhei para o relógio atrás dele e vi as horas:
- ONZE HORAS ? Como assim ? - exclamei
- Pois é, o tempo passa rápido quando a gente se diverte, não ?
- Simm ! Demais. Preciso ir, tenho prova amanhã.
- Tudo bem, quer que eu te acompanhe ? - ofereceu ele.
- Não precisa, seja um bom organizador de festas e cuide de seus convidados - falei sorrindo.
- Você é minha convidada, eu insisto.
- Tudo bem - falei, e logo depois soltei um riso frouxo.
Ele me acompanhou até o portão de casa e pela primeira vez, depois de muitas, eu me senti especial, pra alguém que não fosse obrigado à me fazer sentir assim.
Ele se despediu com um beijo na bochecha e um " Adorei te conhecer", o suficiente pra me arrancar sorrisos involuntários e umas bochechas rosadas. Fechei o portão enquanto o via ir em direção à sua casa.
A festa valeu a pena.