Um agradável retorno

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Pegamos tudo, não foi legal sair daquele lugar lindo, convidativo e pacífico, novamente íamos conviver com o inóspito ambiente caseiro, do qual a tempos estávamos acostumados, duas almas novamente separadas seguindo para o local de origem. Quando cheguei em minha casa, toda ela estava desabando em pranto pela doença trágica e quase incurável que minha mãe possuía, eu subi na mesa de cozinha e fiz dela um palco, meio feio e com olhares de ódio ao redor, eu olhei para eles e sorri bastante, gargalhei como nunca, chamei atenção de todos. Minha mãe estava no começo do nono mês de gravidez, não podia perder meu irmão, talvez o que me respeitaria, o que seria carinhoso comigo, ou que pelo menos nasceria com saúde e sugasse todo amor e atenção, sem retribuir absolutamente nada, não importa! Apenas queria que minha família ficasse feliz de novo. Ao realizar a atitude atípica de subir em uma mesa e rir meu irmão me perguntou, com ignorância e ironia:

-Qual a necessidade disso?

-Respeite seu irmão!!! Disse minha tia.

-Bom, o que eu acabei de fazer eu quero que vocês façam diariamente, sejam felizes e sorriam!

-Oh meu filho, eu admiro bastante seu otimismo, mas ele não cura câncer, portanto, aceite e entre de vez na época sombria e incurável que estamos passando.

-Mãe, mantenha essa cabeça erguida e olhe bem para mim! Câncer se vence com alegria e perseverança, além do mais a senhora tem um bebe a caminho, dedique-se à tudo que ainda te faz feliz, sua família está aqui para o que der e vier, bom pelo menos quase todos.

-Tem razão filho, respondeu em voz baixa e com lágrimas de descrença.

Assim como ela os outros permaneceram estáticos e em pranto, eu não precisaria ter toda a adaptação que tenho para perceber que olhares agressivos me fuzilavam para eu descer de vez da mesa da cozinha e esses olhares foram tão eficazes que eu desci como um raio e acabei dando um jeito no pé, disfarçando a raiva e todos nos abraçamos, os abraços da minha tia e da minha mãe eram quentes e confortáveis, já o do meu pai e do meu irmão eram frios e sem vontade, oramos antes de comer e jantamos a comida deliciosa que minha tia fez, caprichada pelo momento, a tristeza foi-se com o rabo entre as pernas por não conseguir nos atingir, vejo até hoje em dia a mesma cena na minha dimensão se repetindo várias vezes mas sempre despertando a sensação de inédita.

-Quero que o maninho nasça nesse ambiente, falei.

-E ele vai meu filho, disse meu pai menos sarcástico do que o normal.

Pela primeira vez eu não detectava nele raiva e rancor, pelo menos não tanto, felicidade é a palavra! Às vezes fugir é bom.

Falei com minha querida pelo whats App, ela me disse que na sua casa também estava tudo calmo, perguntou como eu estava e narrei detalhadamente tudo o que houve, nós ficamos muito felizes por nós mesmos e um pelo outro, estava novamente inundado de coisas boas, passei um tempo lá na praia da minha dimensão até pegar no sono na confortável areia branca e assim terminou meu dia.

Minha Dimensão InvisívelOnde histórias criam vida. Descubra agora