As flores do campo

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Acordei no meio da noite, com os caminhões passando, os estralos da cama, os roncos do meu irmão e os anseios que me perseguiam na minha dimensão, onde eu não encontrava mais os personagens acolhedores e nem os lugares confortantes, despertei porque precisava pensar um pouco, pensar em como seria a adaptação nesse lugar e quais seriam os obstáculos que tentariam impedi-la, depois duas horas de reflexão os pensamentos estavam me causando uma fadiga mental acentuada então acabei dormindo de novo e acordando no dia seguinte disposto a me erguer, aceitar a realidade e seguir em frente como sempre fiz a vida toda, antes que todo acordassem eu começei a memorizar onde estavam as coisas, quantos passos eu daria para chegar ao lugares da casa meu amigão acordou e viu que eu precisava de um pouco de ajuda e correu pulou e mim e me deu lambidas no rosto, coloquei a guia nele e começamos a treinar juntos, meus olhos eram ele, tudo bem ver tudo em preto e branco, contanto que consiga chegar aos lugares, a prática tava boa até que minha familia despertou, minha mãe e minha tia me deram aquele abraço diário maravilhoso, meu irmão do meio me tratou com grosseria, meu irmão mais novo o imitou e meu pai estava brincando de ser pai como todas as manhãs, até cansar da brincadeira, comemos ovos com bacon e panquecas, apesar de não termos nascido nos E.U.A. eramos americanos tecnicamente, aliás esse café da manhã com certeza não é rotineiro é apenas mais um ritual de inauguração da casa nova, para fingir que subimos na vida ao nos mudar e na realidade subimos mesmo, pois na casa antiga os quartos eram no andar debaixo e agora subimos um andar, a mesma coisa de sempre, seres humanos são engraçados depositam toda sua alegria na roupa nova, no celular novo, na casa nova e quando se dão conta tudo foi colocado na chata tabela do cotidiano.

Após aquele café confortante eu, meus irmãos e meu cãozinho fomos explorar o bairro, tinham moleques estúpidos soltando provocações aos recém-chegados e sendo ignorados pela gente, seguimos até  poucos metros adiante e eu senti que aquela energia boa que eu havia sentido anteriormente só que mais forte, nos deparamos com um campo de altas tulipas amarelas, e nos colocamos lá dentro, brincamos muito, percebi que meus irmão não eram tão ruins, só precisavam de uma oportinidade de se mostrarem bons, corremos como nunca, cheiramos e adimiramos a flores e os insetos exóticos que nos faziam companhia, nos integramos a toda magia daquele lugar,estava 80% aliviado por encontrar um novo lugar feliz, sumimos por algumas horas então os adultos vieram nos procurar e seguindo as vozes exaltadas de felicidade nos encontraram se depararam com aquele lugar que chegou a emocioná-los, todos nos abraçamos e passamos a ir lá sempre que podiamos, para desopilar, até  para estudar e pensar um pouco ou simplesmente para admirar.

Eu ainda estava em processo de adaptação, mas me sentia familiarizado com a ideia de morar nessa casa não tão acolhedora, enquanto realizava um percurso percebi uma movimentação estranha e senti uma presença que tinha cheiro do meu irmão do meio, chamei por ele e não obtive resposta então achei que fosse engano meu, em seguida a guia tremeu em minha mão e ouvi latidos do meu cachorro, resumindo não confiei nos instintos dele nem nos meus, continuei um percurso, tropecei e caí, soltando um grito desesperado, minha tia que tomava chá na cozinha veio me ajudar, levantei atordoado, com dores na cabeça e nas costas, deduzi facilmente que meu irmão havia colocado algo no meu caminho e era o vaso chinês caríssimo de minha mãe, no fim eu recebi tanto sermão quanto ele, aprendendo a triste lição de que meu cachorro é mais confiável que meu irmão. 

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⏰ Última atualização: Feb 11, 2018 ⏰

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