Acontecimentos horríveis o retorno

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Lembram-se de Evangelina? Sim, esse é o nome dela, da garota, da mulher da minha vida, aquela a quem eu me dedico com todo meu amor todos os dias. A gente estava sempre disposto a ajudar um ao outro na corrida da vida, quando esquecíamos das atividades escolares eu fazia para ela e ela fazia para mim, eu e ela,  dois otimistas, juntos sempre tentando preservar nossa fé, nossa inocência em crer que tudo sempre terminará bem, que sempre tem um jeito. Planejávamos alegres o nosso futuro, quem ia cozinhar, qual o nome dos filhos, a cor da casa, este último item eu não me importo muito e confio nela para essa e muitas outras coisas, não conseguia nem pensar na possibilidade de um dia ela quebrar minha confiança, sempre soube que isso é errado, mas me mantinha confiando, afinal a paixão me pegou. Eu já estava desconfiado que aquele mau retido apareceria novamente, mas ele só veio a tona  quando fui falar com os pais de Evan, que simplesmente discordaram de nós, usando várias críticas típicas dos pais, me deixando uma péssima primeira impressão, foi bem assim:

Me arrumei muito bem, com as melhores roupas, o melhor perfume, tudo por ela, como eu esperava ela já estava me esperando na sala, nem esperou pegar a bengala, assim que apareci na sala, ela me puxou, me guiou rapidamente através das ruas, até chegar em sua casa:

-Pai! Mãe! Quero apresentar uma pessoa. Disse ela assim que entrou na casa.

-Claro filha já vamos! Responderam os pais dela, as vozes deles estavam distantes, mas eles já esperavam aquela apresentação e se apressaram em chegar até nós.

-Esse é o Sandro, meu namorado, se vocês permitirem.

-Oi rapaz! Disse a mãe dela, com um tom mais receptivo.

-Oi. Disse tímido.

Após isso veio uma entrevista com perguntas infinitas para eu responder, algo costumeiro, eu havia percebido um detalhe, já que meu olho era "normal" ninguém notou minha cegueira, e erroneamente tentei fingir que enxergava para tentar manter tudo na paz, batemos um bom papo, identifiquei que gostaram de mim, mas Evan indignada com a situação falou em voz alta:

-Ele é cego, tudo bem para vocês né?!

Os pais dela riram como nunca, achando que era uma piada, até que se olharam e caíram em sí, percebendo duas pistas; A sinceridade da filha e meu olhar fixo e persistente. Ao perceberem o pai dela disse em um tom bastante irônico;

-Claro filha! 

Começaram a me bombardear de perguntas e insinuações, eu estava ficando perturbado, atordoado, a situação era triste, saí para casa do meus pais e eles não estavam, portanto eu esperei sentado na poltrona do meu pai, ligando para eles sem sucesso, um rio de pensamentos inundou minha dimensão, nele além de pensamentos macabros vieram por engano algumas lembranças, garimpando entre elas relembrei que minha mãe estava entranhando a semanas a forma de seus seios e sentindo caroços internos neles, meus pais deviam estar no hospital checar o que estava acontecendo com ela, 15 minutos depois chegou uma mensagem que comprovou minha teoria, uma ansiedade impiedosa me cercava cada vez mais conforme as badaladas do empoeirado relógio da sala, até que eles voltaram, sem nenhuma saudação perguntei com um ar de desespero:

- Então qual o resultado dos exames ?!

-No hospital filho...

-No que deu isso, falem logo ?! Disse, interrompendo minha mãe. 

-Eu sei que vai ser um choque mas...

-Fala logo! Disse chorando pela intensa mistura de sentimentos terríveis que não consegui interromper.

-Então filho, saíram os resultados dos exames e eu estou com câncer de mama, disse minha mãe, quase não conseguindo terminar a fala por conta dos primeiros soluços de choro que apareciam sorrateiramente em sua garganta.

-Tudo bem, disse em tom de apoio ainda desencorajado, por não ter nada melhor para falar.  

Corri para o meu quarto e tranquei a porta para pensar, pela segunda vez sentia minha dimensão transbordar por completo de coisas horríveis, Evan logo veio para minha casa, perguntou onde eu estava e foi ao meu encontro:

-Oi amor, você está bem? Disse ela batendo na porta.

-Não! Acabei de descobrir que seus pais me odeiam e que minha mãe tem câncer. Disse abrindo a porta.

-Nossa sinto muito por tudo, ela respondeu com um suspiro de horror e sem ter nada melhor para dizer, ela me abraçou de maneira acolhedora como sempre e sentamos na cama, que estralou com nosso peso.

-Tô sabendo, disse quase sem vontade de falar e prevendo o ódio que sentiria de qualquer um que interrompesse minhas linhas de pensamento com interrupções.

- Nessas situações sua única opção é fugir comigo.

-Você é louca! Disse com um ar de riso, ainda quase inexistente.

-Não só quero que suas energias retornem, para você apoiar sua mãe e aguentar meus pais.

-Você fala com tanta tranquilidade, em meio a esse bando de coisa ruim que aconteceu comigo hoje.

-Eu estou tentando continuar tranquila para te ajudar, mas suas emoções são minhas também, além de eu ter tido que aguentar meus pais por toda vida, quer fugir comigo amanhã ou não?!

-Então vamos!!! Disse ainda com reprovação, tentando parecer empolgado.


Minha Dimensão InvisívelOnde histórias criam vida. Descubra agora