Capítulo 19

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Ela olhou para os dois lados, diversas vezes. Tinha medo do que as outras pessoas podiam ver, então escondeu o livro e dirigiu-se até o hotel. 

Enquanto estava no elevador, a música que tocava deixava-a mais tranquila, ao em vez de reparar naquelas caras desconhecidas que a olhavam como se a conhecessem de algum lugar.

- Boa noite. - ela sentiu-se obrigada em dizê-lo.

As pessoas não responderam. Continuaram na mesma: a olhá-la nos olhos.

Era uma uma menina, que aparentava ter a mesma idade que ela, acompanhada de quatro homens de preto. 

Ela tossiu, desconfortável, e suspirou aliviada quando ouviu a porta do elevador a abrir-se.

- Tenham um bom resto de boa noite. - como o Bruno tinha-a ensinado: Não se rebaixar à má-educação das outras pessoas.

No elevador, a miúda ainda tentava raciocinar o que tinha visto naqueles braços. Não sabia quem era a miúda, mas sabia de quem era aquele diário. Tinha visto no quarto do seu pai um igualzinho, Bruno, o grande amigo de Wesley. Ela só sabia de uma coisa: capa como aquela, apenas um diário tinha.

Depois, lembrou-se da cara da miúda. Lembrava-lhe alguém, talvez alguém daquelas inúmeras fotografias, que ficavam protegidas em enormes molduras de ouro, na sua enorme casa dos Estados Unidos. Mas quem se lembrava daquelas caras, daqueles olhos, dos cabelos...? Ela tinha muitas outras coisas para reparar, como aquele ouro dos móveis, aqueles espelhos do tamanho de paredes e, especialmente, o dinheiro que o pai punha, todas as noites, debaixo da almofada.

Mas, os empregados, talvez, sabiam de algo e a curiosidade sempre foi um ponto fraco da miúda.

- Vocês repararam naquele diário? 

- O seu pai tem um parecido.

- Sabia... - ela sussurrou - Ele mentiu-me. Disse que era o único que o tinha.

- Ele disse-lhe isso?

- Disse. - ela revirou os olhos.

Quando ela olhou para o chão brilhante e branco daquele elevador, que demorava para subir até o último andar, viu uma folha branca no chão. Era velha, quase rasgada e parecia ter letras de qualidade antiga.

Ela baixou-se e apanhou aquele papel que parecia tão importante.

- O que é isto? - ela olhou para a porta, ao pensar que podia ser daquela menina - Ela deve ter deixado cair... Será dela?

- Provavelmente, menina - um dos seguranças respondeu - Não estava aqui quando nós chegamos.

Ela olhou para a folha e leu o enorme título, que, notavelmente, teria sido escrito por uma pessoa que naquela altura estava nervosa.

O segredo Oliveira.

- O quê? - ela sussurrou.

Olhou para os lados, onde estavam os seus curiosos empregados, a olharem-lhe à espera de que ela dissesse algo, porém o seu instinto só a fez esmagar aquela folha e rasgá-la aos bocados. Sabia que se isto fosse descoberto, o pai do seu namorado seria destruído, o seu pai perderia todas as suas riquezas e ela estaria perdida.

E o seu pai confiou apenas nela para guardar este enorme segredo de família. Nem a sua mãe sabia. Talvez, foi graças àquele acidente de quando ela entrou no quarto proibido.

- Está tudo bem, menina? - um dos seguranças atreveu-se a perguntar.

Ela sobressaltou e, assustada, olhou para aqueles olhos pequenos e que dão medo a qualquer um.

Os Revolucionários - equipa 210Onde histórias criam vida. Descubra agora