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"Como está a correr o teu trabalho?" deu uma garfada na massa, rodopiando o talher e levou esta à boca.

"Bem." Sorriu.

Admirava o Jason por ser tão compreensivo e à vontade com a minha mãe. No lugar dele, eu estaria mais do que assustada pela maneira como ela falou há pouco quando nos viu quase a beijar. Teria sido ainda mais vergonhoso se tivesse acontecido. Lá isso é verdade.

"Já acabaste?" perguntei claramente aborrecida com o meu queixo apoiado na mão devido a ter sido a primeira a acabar de comer.

"Estás com pressa para ires curtir com ele como fizeste com o outro hoje de manhã?" brincou com um sorriso triunfante e uma voz sarcástica.

Onde é que ele tinha aprendido a dizer estas coisas?

O Dean estava sentado ao lado do Jason e pelo canto do meu olho vi o Jason ficar verde enquanto que eu estava vermelha de raiva. Eu era mais velha e foda-se, ele devia-me respeito.

"Olha, seu pirralho..." a minha voz saiu mais alta do que aquilo que eu pretendia e senti a minha veia da testa a sair para fora "Tu não tens o direito de me faltar ao respeito, percebeste? Merecias uma chapada nessa boca que até te virava ao contrário!"

"Nora!" a minha mãe berrou totalmente escandalizada "Que conversa é esta?! Vai para o teu quarto, já!"

Ela levantou-se da mesa de modo autoritário e o Jason continuava sentado mas já não estava a comer. Ele parecia petrificado com a situação.

Isto ia correr tão mal.

"Tu viste o que ele me disse?!"

"Sim, ouvi." Cruzou os braços "E EU que sou mãe dele vou falar com ELE que é MEU filho, não teu. A única pessoa que tem o direito de falar assim com ele sou eu e o teu pai. Tu estás longe de te poderes impor nesta casa como eu e também me deves respeito por isso torce a orelha."

Revirei os olhos "Ainda não acabamos o trabalho."

Isto estava a ser tão vergonhoso. Noutra altura, conseguia imaginar o Jason a rir-se da minha cara mas agora ele está demasiado atrapalhado. E agora que o conheço melhor, sei que não é esse tipo de pessoa.

"Podemos acabar amanhã." o Jason disse sentindo-se a mais.

"O quê?" cruzei os braços e fuzilei-o com o meu olhar "Cala a boca Ja..Justin!" corrigi-me.

"O trabalho é para amanhã e se não queres ter boa nota eu quero." Virei a cara e parecia uma criança a fazer birra.

Um arrepio percorreu a minha espinha quando percebi o que tinha dito. Rezei para que a minha mãe não tivesse percebido enquanto sentia um enorme calor apoderar-se de mim.

"Se ele não quer?" disse as palavras separadamente. Merda "Pensei que o trabalho era com a irmã dele."

Engoli a seco. Merda.

Merda, merda, merda.

"E é. Foi isso que eu disse."

"Não, tu disseste ..." o Dean começou a falar.

"Cala a boca caralho!" dei um murro na mesa já de pé também.

A mão da minha mãe voou contra a minha cara fazendo esta virar-se. Em quarenta e oito horas, eu era decididamente a pessoa mais humilhada.

Quase que instantaneamente, senti os meus olhos encherem-se de lágrimas e levei a mão à zona dorida. A minha garganta parecia apertar e eu estava sufocada pelo meu próprio choro que não saia.

Criminal Life  |J.B|Onde histórias criam vida. Descubra agora