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Abri os olhos depois de dormir umas horríveis três horas. Tinha de desistir de tentar dormir, não valia a pena. Já eram dez da manhã e eu não estava na cama a fazer nada. Fechei os olhos e suspirei. Espreguicei-me na cama e sentei-me nesta a esfregar os olhos para tentar focar a minha visão. Sentia-me exausta e os meus músculos estavam rígidos como pedra.

A minha garganta ficou de imediato seca quando vi a moldura minha e do Jason que tinha na minha mesa de cabeceira. Deixei-me ficar parada a observá-la. Deixei sair um riso seco pelas narinas. Foi no meu aniversário, eu estava com aquele vestido vermelho justo que ele disse que me ficava a matar e ele estava bem... lindo. Ele sorria para a fotografia que a Leah nos tirou e eu estava a olhar para ele a sorrir, detestava olhar para as fotografias, não tinha postura nenhuma de modelo. Imprimi a fotografia assim que a Leah me emprestou a pen das fotografias que tirou; adorava aquele em especial porque me mostra o quão feliz ele me fazia.

Baixei a moldura, fazendo a fotografia ficar virada para a mesa de cabeceira e levantei-me.

Peguei num casaco fininho cinzento que tinha no fundo da cama para me cobrir e enfiei os pés nas pantufas. O meu cabelo estava uma confusão por isso decidi apanhá-lo antes de descer. Não queria que me vissem naquele estado. Tinha de estar tudo bem, até porque me sentia muito melhor.

Respirei fundo antes de alcançar a maçaneta da porta e de abrir esta. Os meu pés avançaram pelo corredor e desceram as escadas. Do ponto onde estava conseguia ver a minha mãe a pôr algumas coisas na mesa para comermos, o meu pai a ler o jornal e o Dean a jogar no tablet. Seria a única que sentia que nada estava igual?

A minha mãe foi a primeira a reparar em mim e sorriu "Bom dia meu amor. Não comas já o bolo, ainda está quente. Queres torradas?"

Abracei o meu próprio corpo "Não tenho fome, obrigada. Vou só beber um copo de leite e vou-me vestir."

"Vais sair?" arqueou a sobrancelha.

"Talvez, não sei."

Ele assentiu com um sorriso e pousou o prato com o bolo na mesa.

O Dean saltou por cima das costas do sofá e correu até á mesa "Já podemos comer? Estou cheio da fome."

"De fome, Dean. É de fome que se diz." Disse-lhe.

Ele olhou para mim quando o disse e pareceu estar pensativo, no entanto não disse nada. Pelo menos de imediato.

"Ontem o Jason estava a sair, eu tentei falar com ele mas ele ignorou-me. Ele está surdo de ontem teres gritado com ele?"

Foda-se.

A minha garganta ficou seca. Eu adorava o meu irmão, juro que ele era a pessoa com menos de dez anos que eu mais adorava mas ás vezes mais valia ele estar calado.

Mas ainda não tinha acabado por ali porque a minha mãe continuou.

"É verdade, tentei ligar-lhe ainda há pouco para o convidar para vir cá almoçar mas ele não me atendeu. Achas que está a dormir?" pousou o cesto do pão e depois olhos distraidamente para mim.

A sério que o Jason não disse nada? Que eles não suspeitam que nós acabamos? Ontem nem desci até que todos estivessem a dormir porque tive medo que me fizessem perguntas sobre a gritaria que tinha sido. Mas pareciam todos tão normais como se nada tivesse acontecido. Ou não queriam falar naquilo.

Desviei o olhar do deles e passei a língua pelos lábios enquanto encarava o chão. Agarrei na cadeira e puxei-a para trás.

"Não sei. Nós acabamos."

Uma onda de mágoa atacou o meu coração depois de ter proferido aquelas palavras.

Passei horas e horas á espera de uma mensagem, uma chamada e nada. Ele não me disse mais nada e ainda me bloqueou nas redes sociais e no whatsapp. Ele nem se esforçou nada por lutar por mim. Não devo de ser assim tão importante quanto isso.

Criminal Life  |J.B|Onde histórias criam vida. Descubra agora