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Estacionei o carro e saí de imediato dele, com as minhas coisas na mão. Os meus olhos mal se fechavam enquanto olhava para a parte de fora da casa. Depois pisquei os olhos várias vezes para ter a certeza de que estava a ver bem. Daquele ângulo, a única coisa que eu via eram riscos vermelhos como se fossem grafitis na parte da porta. Peguei no meu telemóvel para ver se alguém me tinha tentando contactar á medida que me aproximava. O Jason ainda não me tinha devolvido a chamada.

Olhei á minha volta em alerta, alguém me podia ter seguido ou quem tinha feito aquilo podia estar a ver. Mas o que me chamou a atenção, não foi uma pessoa. Do outro lado do passeio, estava um carro que me era familiar estacionado. Merda.

Andei mais depressa até á entrada e tudo o que vi foi uma letra. M. Um M grande, que começava na ombreira da porta e acabava no chão.

Ergui a mão para bater á porta mas esta já o estava e mal reparei, empurrei-a.

"Filho da puta."

O coração começou a martelar-me no peito. Quando ouvi aquela frase pensei que talvez fosse o Anónimo e as minhas pernas tremeram; mas depois juntei as peças todas, como o carro e estarem a dizer-lhe aquilo e percebi que era o meu pai.

Avancei rapidamente até á cozinha e puxei-o pela camisola, afastando-o do Jason que estava contra a bancada da cozinha. Senti as minhas unhas a cederem tal foi a força que fiz para o afastar mas não me preocupei se as tinhas partido ou não. Cerrei os dentes a fazer força e mesmo assim foi difícil, ele tinha o dedo apontado ao peito do Jason, a mão á volta do pescoço dele e cuspia-lhe as palavras para a cara. O rosto do Jason estava a ficar vermelho escuro.

"Pai!" disse entre dentes "Larga-o."

"É bom que apanhes seu desgraçado. É bom que sim."

Recuei um passo e quase que caí no chão quando o meu pai se afastou dele, passando as mãos pelo cabelo, com os maxilares cerrados. Os seus olhos abriram-se frios e dirigiram-se ao Jason que se mantinha agarrado á garganta a tentar respirar. Quando ele se ia aproximar, agarrei-lhe o braço.

"Vai-te embora. Agora." Disse-lhe entre dentes.

O meu pai olhou-me com ódio nos olhos e passou por mim, sem me dizer nada. O Jason fechou os olhos e virou-se para a bancada, debruçando-se sobre esta, com as suas mãos a agarrarem tão força a borda que começavam a ficar brancas. Aproximei-me dele e pus-lhe a mão nas costas.

Estremeci com o barulho forte da porta de casa a bater. Ele tinha-se ido embora finalmente.

"Estás bem?"

Ele tossiu e tentou respirar fundo "Liga ao Ryan e diz-lhe para chamar os outros. Precisamos de tratar de uns assuntos."

O meu olhar percorreu toda a sua face e enquanto ele se levantava, pus-lhe a mão no peito como se isso o fosse ajudar a manter o equilíbrio.

"Porque me ligaste? Tinha a ver com o facto de o meu pai estar cá em casa?" olhei para os seus olhos, as suas sobrancelhas, as bochechas, os lábios e voltei para os olhos de modo a certificar-me de que estava tudo bem com ele.

O Jason voltou a tossir e tirei um copo do armário. Enchi-o com água apesar de as mãos me tremerem e passei-o para as mãos dele. Ele bebeu a água de vagar e eu esperei encostada á bancada. Pousou o copo e olhou para mim.

"Foi por causa do que está escrito lá fora. Quando voltei estava naquele estado." Olhou para a porta da entrada fechada e depois inclinou a cabeça na direção da sala "E está por todo o lado."

As minhas pernas moveram-se para a sala e um grande E ocupada a parede da televisão. Dei uma volta de cento e oitenta graus e vi um O gigante que passava por cima do sofá na ultima perna. Levei as mãos á cabeça e escovei o cabelo para trás. Tirei o telemóvel do bolso do casaco e digitei o número do Ryan.

Criminal Life  |J.B|Onde histórias criam vida. Descubra agora