Não me conseguia mexer. Sentia os meus braços e pernas de tal maneira congelados que nem conseguia abanar o Jason ou chamar por ele porque a minha boca estava seca como se não bebesse água há dois dias.
Quase que o consegui sentir com um sorriso malicioso quando se afastou e pôs a arma no cós das calças. Não se virou de costas, em vez disso caminhou em marcha atrás e senti o meu estômago contorcer.
O que me assustava não era o facto de ter uma apontada a mim mas sim o que aquilo significava efetivamente «A próxima serás tu». Agarrei-me ao Jason como se estivesse a tentar salvar-me de um penhasco ou as minhas pernas não aguentassem o meu peso e ele segurou-me, percebendo que eu não estava bem. Os seus olhos preocupados observavam todo o meu corpo como que para se certificar de que eu não tinha sido atingida e eu agarrei o colarinho da sua camisa.
Depois os meus olhos moveram-se para o corpo no chão, a Leah ajoelhada de um lado, o John a tentar estancar o sangue. Cai de joelhos no chão e caminhei até perto da Emma, observando o seu rosto inerte e cada vez mais branco. Apertei a sua mão e encostei a minha testa a esta, deixando agora as lágrimas caírem.
"Desculpa." Solucei "Desculpa não te ter conseguido proteger."
Tinha plena noção que estava a falar apenas para mim devido ao facto de o barulho à volta ser muito superior ao da minha voz.
Apertei os olhos com força e o meu corpo tremeu com um soluço forte.
A Emma ajudou-me imenso a ultrapassar uma das piores fases da minha vida e eu não fui capaz de protegê-la. Tirei-a do perigo para depois fazer com que fosse assassinada em pleno fim de ano, numa rua apinhada de gente enquanto ela celebrava a vida, o amor e a amizade.
-
"O café deve de estar a escaldar." A sua voz fez-se ouvir à medida que se sentava aos meus pés no sofá da sala.
Os meus olhos estavam fixos no chão brilhante da sala e o único movimento que faziam era para fechar. Movi-o lentamente para a mulher de cabelos curtos à minha frente, que esperava pacientemente para que eu recupera-se e pudéssemos ir para o velório.
"Obrigada." Disse, finalmente.
Um suspiro caiu dos seus lábios e apertou-me os pés por cima da manta, algo que costumava fazer quando eu era mais pequena e estava triste com coisas como «perdi o meu carro de brincar favorito». Mal sabia eu que a dor de perder alguém –especialmente se a culpa for nossa – é muito mas muito superior.
"Não precisas de ir, se achares que te vai fazer pior."
Abanei negativamente a cabeça "Eu tenho de ir mãe. Ela ajudou-me muito e foi culp-"
Interrompeu-me com um olhar severo e uma voz firme "Não te atrevas a dizer que a culpa foi tua, Nora Montgomery! Não foste tu que a tiraste deste mundo, foi aquele monstro!"
Mordi o lábio inferior numa tentativa de controlar o choro.
Depois de tanto tempo a chorar antes de dormir nem sei como ainda conseguia ter lágrimas para deitar fora.
"Se eu a tivesse conseguido proteger..."
A caneca foi-me tirada das mãos e pousada na mesa de centro da sala. A minha mãe agarrou-me nas mãos e encarou-me "Se não a tivesses salvado naquele dia, se calhar ela nunca teria tido um pouco de felicidade e acabaria por morrer na mesma, querida. Ele era um monstro e se não a matasse por isso, seria por outra coisa qualquer. Tu deixas-me orgulhosa com as coisas que fazes e esta foi uma delas! Sei que és uma menina forte e que consegues ultrapassar isto por isso dá luta a essa tua mágoa, não a deixes vencer."
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Criminal Life |J.B|
Fanfic"Nós estávamos a começar algo que não íamos ter como acabar." ---- Esta temporada completa está disponível no Spirit (@fab4styles) mas sem a reconstrução. Decidi reescrevê-la porque não gostei de como a tinha escrito antes. A fanfic com a...