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Remexi-me na cama para tentar voltar a dormir, aconchegada ao meu cheiroso namorado. Mas, quando dei por mim, já estava quase no fim da cama e não o encontrava. Os meus olhos ensonados abriram-se e tudo o que vi – mesmo com estes muito desfocados – foi uma cama vazia com lençóis emaranhados de eu me remexer.

Sentei-me na cama e olhei á minha volta. Estava tudo silencioso, nem sinais do Jason. Bufei e deixei os meus ombros caírem. Afastei os lençóis e calcei umas pantufas que tinha na casa do Jason, bem como um dos casacos de desporto lavados dele. Aproximei-me da casa de banho e abri a porta, esperando encontrá-lo lá e poder trazê-lo de volta mas nada.

"Boa!"

De repente, parecia que eu tinha acabado de tomar três cafés e todo o meu sono desaparecesse. Apertei o meu cabelo num coque desajeitado enquanto saia do quarto. O longo corredor era apenas iluminado pela luz do candeeiro da rua e pela lua, tornando-o num ambiente quase de Halloween.

"Sh." Ouvi uma voz mais baixa.

Eu conhecia aquela primeira voz. Mas que merda?

A segunda era do Jason e a primeira com certeza não seria a minha. Eu só podia estar a ouvir mal, a sério. Sabia exatamente de que quarto aquelas vozes vinham e preferi não saber. Aproximei-me em bicos de pés para fazer o menor barulho possível e rodei a maçaneta da porta que se encontrava destrancada.

Ok. Deves estar a imaginar coisas.

Mas eu não estava. Quando espreitei lá para dentro, as minhas sobrancelhas ficaram franzidas. A primeira coisa que vi foi o cabelo despenteado do Jason.

Depois uma cama desfeita.

E depois reconheci o cabelo do meu irmão. Já não parecia estar tão animado quanto á pouco, na verdade, estava agora aborrecido a mexer no comando, enquanto que o Jason se deitou de costas, com as pernas no ar a espernear e a rir-se como uma criança.

"A isso chama-se uma valente abada puto."

Cruzei os braços e revirei os olhos. Dava para acreditar?

"Para de ser criança." Lançou o meu irmão de maneira venenosa "Foi só um jogo. Temos mais pela frente."

Deixei a porta bater com uma força que apenas denunciasse a minha presença a eles os dois e a mais ninguém. Para que só eles despertassem do seu transe causado pelo jogo.

O Jason voltou a ter as pernas assentes no chão, com um olhar surpreso, os olhos muito esbugalhados como se o tivesse apanhado a fazer algo de muito errado. Já o meu irmão, parecia ter visto um fantasma e desatou a correr para se enfiar dentro da cama.

"Merda. O Dean não está."

"Tento na língua, Dean." Bufei e desloquei o meu olhar para o Jason "Qual é o teu problema? Não devias ser tu o adulto?"

O Jason alcançou rapidamente a playstation e desligou-a, antes que eu pudesse fazer alguma coisa. Depois, olhou para mim com um olhar de gato das botas.

"Amorzinho." Sorriu "Eu só quis fazer a vontade ao teu irmão, ele apareceu aqui com o jogo e eu... bem é natal, não é? Temos de fazer as crianças felizes."

"Seu mentiroso!" o meu irmão disse debaixo dos lençóis "Tu é que me mandaste mensagem a dizer para me escapulir que me ias buscar a porta de casa em troca de uma nota de cinquenta euros."

Á minha frente, o Jason parecia estar num filme de terror, completamente petrificado. Lancei-lhe um olhar que quase o podia queimar com aquilo que o meu irmão tinha acabo de dizer. Atrapalhado, o Jason passou a língua pelos lábios e foi-se aproximando da cama. Deitou a mão ao édredon e apertou o que calculo que fosse o pé do meu irmão, pois ele estava com o rabo espetado para cima.

Criminal Life  |J.B|Onde histórias criam vida. Descubra agora