Capítulo 2 - A boa e velha Lei de Murphy

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Meu pai realmente chegara tarde. Eu ouvi seus passos até seu quarto, enquanto a última carreira fazia efeito em meu corpo, ele não se deu ao trabalho de abrir a porta do meu quarto e verificar se estava lá, o que me deixou aliviada e à vontade para aproveitar a encomenda que pedi.

Contudo, no dia seguinte, quando meu celular despertou e, ao mesmo tempo, minha mãe me ligou, eu me arrependi das três carreiras. Minha cabeça estava quase explodindo e meu estômago dava sinais de que eu enfrentaria um dia com náuseas. Joguei minha mão por cima da cômoda ao lado da cama e pesquei meu celular, não sei o que eu apertei primeiro, apenas coloquei o celular no ouvido e atendi com uma voz irritada:

— Alô?

— Hope, querida? — A voz doce da minha mãe invadiu meus ouvidos e eu abri meus olhos.

— Oi, mãe — tentei animar mais o meu tom, contudo, não obtive tanto sucesso.

Os efeitos pós-uso sempre eram um pouco mais complicados, mas nada que atrapalhasse minha vontade de usar sempre que estava triste.

— Estou indo até você, para tomarmos um café juntas, o que acha? —Ela parecia tão animada, que não pude inventar qualquer desculpa para não ir, pois estava com passando mal.

— Claro que sim! Vou tomar banho e já te espero.

— Daqui dez minutos estou aí.

Levantei da cama, deixando o celular de lado e me arrastei até o banheiro, pedindo aos céus para não fazer com que meu estômago saísse pela minha boca até que uma privada estivesse perto de mim. A náusea levou um tempo para passar, mas não me impediu de entrar no chuveiro e deixar que a água fria entrasse em contato com minha pele, arrepiando cada poro meu. Precisava deixar cada parte do meu corpo limpa, pois não queria decepcionar minha mãe, meu segredo precisava ficar guardado comigo, só daquela forma eu não seria enviada de novo a uma clínica de reabilitação em Londres por três meses. Eu não queria mais voltar àquele lugar, não queria mais sentir cada parte do meu corpo se quebrando por inteiro, o frio tomando conta de mim como uma grande bola de gelo. Não queria estar tão da minha válvula de escape, pois foi complicado levar até lá a única pessoa que poderia me proporcionar momentos mais calmos.

Esfregava as pontas dos dedos em meu coro cabeludo, a fim de relaxar todos os pontos possíveis e não deixar que minha mãe percebesse o caos que estava depois de uma noite intensa. Deixei a água cair novamente em meu corpo, e meu corpo já estava acostumando à temperatura mais baixa. Finalizei o banho e enrolei meu corpo na toalha felpuda e azul que, segundo Marta, era para combinar com meu cabelo.

Voltei ao meu quarto e me deparei com Nutella tomando conta da cama e meu celular tocando, com a foto da minha mãe piscando, me avisando que ela já estava chegando. Então, me troquei rapidamente e deixei minha mochila do colégio pronta, para quando ela chegasse eu já fosse para o carro. Poderia parecer estranho o fato de meus pais pouco se falarem depois do divórcio, mas eu conseguia compreender, em partes, a frieza com que eles levavam a situação. O casamento foi de um pólo a outro em questão de meses, meu pai se tornou obcecado com sua empresa e deixou minha mãe de lado, o que corroborou para que meu avô entrasse no meio e dissesse a Ellie Clarke que Muhammad Willians não era um bom homem para ela, o que culminou em um casamento encaminhado à falência. Logo após a separação e a saída de minha mãe de casa, o ressentimento ficou pairando no ar, cada um em uma casa com sentimentos guardados que jamais puderam ser ditos.

As Suas Cores - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora