Capítulo 14 - Coração solitário

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Se um dia uma bigorna caísse na minha cabeça, eu já saberia como agir, pois, quando levantei na minha seguinte à festa de Livy, eu tive a sensação de que três bigornas estavam em minha cabeça, espremendo cada vez meu crânio.

Sentei na cama e senti Nutella deitar em mim.

Espera

Nutella?

Abri meus olhos rapidamente e percebi estar em casa. Mas como?

Lewis havia me levado? Se ele tivesse aquilo eu o mataria. Ninguém poderia saber dele, ele era o meu segredo.

Levantei da cama, mas logo caí na privada colocando tudo para fora.

— Merda...

Esse foi o retrato do meu final de semana: deitada na cama, enrolada nas cobertas, vomitando tudo o que colocava dentro do estômago e tentando me lembrar do que tinha feito.

Meu pai nem se importou, ele estava resolvendo as coisas da empresa. George estava ao lado dele. Agora e para sempre eu havia perdido uma amizade, mas eu estava mais preocupada em tentar entender o que diabo havia acontecido. Eu havia saído com Lewis?

Bufei e joguei o celular na cama. Lewis não me atendia. Fechei os olhos e decidi dormir, depois eu resolveria aquilo.

O despertador berrou no meu ouvido e eu sabia que a tortura havia voltado, não tinha como escapar do que me esperava do lado de fora daquela quatro paredes.

No colégio, todo mundo parecia meio estragado como eu, a única pessoa que sorria como nunca era Matt.

Ele estava inteiro e bonito, como se o caminhão que me atropelou não o tivesse visto na noite de sábado.

— Ressaca?

— Não. — respondi de mau humor e bati minha testa no armário gelado. — Quero morrer.

— Não só você. — Ergui minha cabeça para vê-lo apontando com a cabeça para um Livy de cabelos presos e óculos de sol.

É. Ela também estava o regaço.

— Você é mutante? —indagou minha amiga.

Matt riu e eu quis torturá-lo com um garfo.

— Não, eu só bebi o suficiente para lembrar da briga da Hope com o otário do seu futuro marido.

— Então foi ele!

Falei alto demais e eu quis me torturar com um garfo.

— Eu ainda não engoli essa história, Livy.

— A gente fala disso depois, Matt. Eu preciso focar em não vomitar na cara de algum professor.

— Maldita tequila. — Virei-me e encostei minhas costas no armário.

— Maldita você que me fez acabar com cinco garrafas.

— Eu não fiz nada!

— Não vou discutir, Blue, eu estou tonta demais.

O sinal ecoou e eu jurei que fui a Marte e voltei, tamanha foi a dor em minha cabeça.

— Eu. Odeio. Essa. Porra.

Resmunguei, então seguia para a aula ao lado dos meus amigos.

Sentar e assistir a aula enquanto minha cabeça explodia e meus olhos pesavam dez toneladas foi quase impossível, mas ver Charles caminhar em nossa direção com a porra de um sorriso no rosto, foi mais que impossível. Não estava com saco para aguentar aquele idiota e as merdas que saíam da boca.

As Suas Cores - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora