Capítulo 17 - Hope Williams e sua velha capa de heroína

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Mais uma semana se passou e eu não consegui acreditar que Charles não sofreu nada. A diretora havia mentido para nós e o menino estava livre e feliz caminhando pelos corredores do colégio. Com aquele resultado, tudo o que eu conseguia fazer era beber todo dia. Depois da aula, eu passava no Tequila & Sweat e bebia três doses de vodca, como se o mundo fosse acabar naquele dia.

Talvez ele já tivesse acabado mesmo e eu estava cagando para tudo. Thomas estava sumido e eu não sabia mais o que pensar, para mim, ele estava morto, mas Matt insistia na teoria da doença. Eu só queria ficar fora daquela realidade por algumas horas, porque estava demais ver um idiota caminhando pelo colégio, como se nada tivesse acontecido.

Eu odiava tudo aquilo. Odiava o colégio. Odiava meu pai. Odiava meus amigos que simplesmente seguiram em frente como se nada tivesse acontecido. E eu odiava ainda mais Thomas, por sumir e não me dar notícias, por me deixar sozinha naquele oceano frio. Eu só queria que o ano acabasse logo ou que minha vida acabasse logo para eu não precisar mais vivenciar aquilo tudo.

Porém, não seria possível.

O que me restava era seguir pelo belo salão da Crow Society, observando cada ser humano que estava ali, enquanto bebia minha quarta taça de champanhe, ou seria a quinta? Bom, não importava.

Vi minha amiga me observar de longe, tendo ao seu lado o idiota do Ducan. O desgraçado era bonito e aquilo me irritava, porque Livy merecia estar com Matt e não com um duque otário que só queria alguém para se casar e ter uma boceta todos os dias. Uma mão tocou em meu ombro, fazendo-me virar e encontrar outro idiota.

— O que foi, Charles?

— Você parece estar precisando de uma companhia.

— Eu prefiro a morte do que ter você ao meu lado.

Comecei a caminhar, tentando despistar ele, mas meus passos pareciam lentos demais, por isso, o idiota conseguiu agarrar meu braço.

— Me solta. — disse de forma embolada, fazendo-o rir.

— Calma, Hope, estou apenas te ajudando a andar de forma correta. Todos estão te olhando. — Voltei a olhar ao meu redor e alguns olhos estavam direcionados para mim, julgando cada respiração minha.

— Me solta, Charles, eu já pedi.

Ao invés de me ouvir, ele começou a me arrastar para o lado de fora do salão e naquele momento eu senti medo. Ele não parecia apenas um adolescente. A forma como segurava em meu braço, a firmeza em seus dedos ao redor da minha pele estavam me assustando. Seus olhos passavam por mim de vez em quando e aquilo fazia meu coração disparar, esmurrando minha caixa toráxica. Eu estava temendo pela minha vida.

— Charles, me solta, por favor. — Minha voz trêmula e chorosa fez ele apenas rir e continuar me carregando, até chegarmos perto de uma fonte d'água, a qual me empurrou fazendo eu perder o equilíbrio e me sentar na pedra gelada.

— Eu vou falar só uma vez. — Ele ficou mais perto de mim, apontando seu dedo em minha direção. — Abra a boca mais uma vez para a diretora e eu juro que te faço calar a boca de uma vez.

— Assim como fez com Nancy? — gritei de volta.

Ele deu alguns passos para trás e eu me levantei, precisandoi de alguns segundos para retomar ao meu eixo.

— Já disse para me deixar em paz!

— Você é um doente, Charles! Um doente desgraçado! — Eu estava chorando e bêbada, o que não facilitava a saída das palavras, então, parecia mais que eu resmungava como um bebê do que o atacava com as palavras.

As Suas Cores - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora