Capítulo 8 - Eu queria que ele não fosse mais o cinza

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Beber não era bem o estilo de Matt, por isso, quando Livy me puxou para fora do bosque e me levou em direção ao nosso amigo, eu soube que tinha dado ruim. Ele estava sentado, próximo a um tronco que servia de banco, colocando para fora todo o álcool que havia ingerido naquelas cinco horas que ficamos na festa.

Além de beber até cair, Matthew Cooper havia discutido com Charles loucamente, na verdade, ele havia discutido com alguém que ele achava ser Charles. O que tornou tudo mais engraçado e problemático, já que era a primeira vez que meu amigo estava tomando um porre.

— Eu não posso levá-lo para casa. — disse Livy, enquanto me ajudava a colocá-lo de pé.

— Podemos ver com Thomas. — comentei.

Quase cai com o peso de meu amigo, mas logo nós o colocamos em pé.

— Eu acho que ele já foi embora, Blue.

Minha amiga franziu o cenho como quem pede desculpa. Olhei ao meu redor, mas não o encontrei, vi apenas alguns alunos bêbados demais para terem consciência do que faziam, por isso, estava rolando um beijo triplo bem em frente à fogueira.

— Merda...

— Vamos levar ele logo.

— Meu pai deve estar dormindo, então, se conseguirmos entrar em silêncio, talvez dê tudo certo.

Bom...

Deu tudo errado.

Nós chamamos um carro para nos ajudar na missão de manter meu amigo vivo até que a ressaca passasse, mas, no meio do caminho, Matt decidiu vomitar no meu colo. Resultado: fomos expulsos do carro há dois quarteirões de casa.

Quando passamos do portão, eu achava que tudo estava resolvido. Apenas o cheiro de vômito seria o meu grande problema, porém, como a boa e velha Lei de Murphy, assim que entramos no hall de entrada, Matt decidiu falar novamente com o Charles de sua cabeça, na verdade, ele brigava com o tal Charles.

Livy e eu não conseguimos segurá-lo por muito tempo, então, quando meu pai desceu as escadas com seu pijama de flanela azul ele encontrou sua filha caída ao chão, vestida de Dorothy, com vomito no colo. Tendo ao seu lado um amigo completamente bêbado e irritado. Livy apenas se manteve silenciosa e medrosa.

Muhammad Williams nos ajudou com o nosso pequeno-grande problema, porém, a ajuda foi limitada: meu pai apenas levou Matt até o banheiro dos hóspedes no andar de cima e mandou que eu cuidasse dele, até que meu amigo estivesse bem o suficiente para ir embora.

A parte mais engraçada foi que Matt só decidiu ficar bem no dia seguinte, às 6h30 da manhã.

— Mas que merda...

Acordei com sua reclamação e com o barulho de um baque surdo. Apoiei-me nos cotovelos e vi, no chão, meu amigo enrolado nos cobertores e uma cara de dor.

— Bom dia, seu otário.

Joguei-me de volta à cama e cobri meu rosto com o cobertor.

— Numa escala de 0 a 10, o quanto eu fiz merda ontem?

Comecei a rir, relembrando tudo o que acontecera na noite anterior. A cara de meu pai estava estampada na minha mente e pipocava a cada segundo.

— 11

— Ah merda!

Retirei a coberta de mim e fiquei na beirada da cama, apenas para ver meu amigo jogado no chão, com os braços tampando o rosto.

As Suas Cores - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora