Capítulo 10 - As estrelas guardam mais segredos do que você possa imaginar

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— Você não precisa de mais roupa?

— Não, Marta, está tudo bem. São só três dias, além do mais, a gente vai passar a maior parte do tempo no lago e nas trilhas.

— Certo... Então, está tudo bem.

Ela sorriu e deixou em pé a mala vermelha estufada com a quantidade excessiva de roupa.

Ri de Nutella tentando subir, mas não conseguindo, por conta do peso da mala.

— Meu pai vai vir para se despedir? — Sentei-me na cama, roendo a unha.

— Não sei, Blue. Ele saiu mais cedo com uma cara nada agradável. Eu acho que ele está com problemas na empresa.

Suspirei, sabendo que meu pai estava ficando louco com as ações da empresa, porque desde que Joseph morreu e seu nome ficou vinculado a tudo isso, os acionistas decidiram que seria hora de dar uma pausa em todas as ações. O que estava salvando a empresa do meu pai eram os contratos já assinados e as obras em andamento. Fora isso, ainda tinha Henry que sondava Muhammad a cada segundo, eu não sabia o que aquele homem queria, mas ele me irritava profundamente.

Por mais longe eu tentasse ficar, aquele assunto sempre dava um jeito de retornar à minha mente, pelo simples fato de que eu seria a maldita sucessora de meu pai.

— Já está tudo pronto, Hope.

Virei-me para ver George e suas roupas causais. Sorri para sua camisa florida e bermudas laranjas.

— Você vai junto?

— É tentador, mas não. Meu último compromisso é te levar no colégio e depois, Marta e eu vamos até Legoland, curtir uma boa piscina.

Ri de meu amigo e aceitei seu dia folga. Ele merecia, assim como Marta, o casal estava em nossa família há um bom tempo, sempre sendo solícitos e discretos com tudo o que viam e ouviam, principalmente, George.

— Meu pai, ele...

— Ele está enrolado no escritório e tem uma reunião importante. Mas te desejou uma boa viagem.

Sorri sem mostrar meus dentes e peguei minha mochila, entretanto, meu celular começou a tocar e eu logo vi a foto de minha mãe.

— Querida!

— Oi, mãe.

— Você ia embora sem se despedir?

Ri de seu drama, mas era Ellie. Ela sempre seria a mãe babona.

— Não, sua boba, já ia te ligar.

— Está animada?

— Um pouco. É a primeira vez do Matt, então, tem um gostinho diferente.

— Até que enfim ele vai! Achei que ele fosse virar o primeiro ministro do Reino Unido e não iria.

Rimos juntas. Eu sentia falta da alegria da minha mãe. A ordem imposta por meu pai, de eu ficar sob sua tutela, para eu me tornar sua herdeira, tirou da casa o tom amarelo de Ellie. Minha mãe sempre trazia mais cor à casa e seu toque suave para lidar comigo me ajudava em minhas burradas.

A única vez em que ela deixou de lado seu tom doce, foi quando eu tive o laudo médico de viciada e depressiva, para, logo em seguida, eu ser internada. Ela levou uma hora para dar seu sermão e dizer o quanto estava decepcionada comigo. Meu maior medo é minha mãe descobrir que voltei a falar com Lewis e Noah não está mais respeitando sua ordem de restrição. As coisas podem piorar para o meu lado e ela seria a última pessoa que eu desejava perder.

As Suas Cores - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora