XX

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-E se fosse possível voltar no tempo e fazer uma escolha diferente, você faria?

O professor de Psicologia médica explanava, eu tenho essa resposta na ponta da língua na verdade, se eu pudesse voltar? É claro que eu voltaria, talvez escolheria outra cidade ou nem mesmo saísse da minha cidade natal. Se eu não tivesse viajado até Chicado eu não teria feito tantas coisas erradas como fiz, talvez não conheceria a doce Hinata, a inconsequente Ino e nem a louca Karin. Isso não me levaria a tantos fatores, mas também não iria conhecer a minha próxima figura materna.

Meu celular vibrou e no visor um número desconhecido "Me encontre no bloco B daqui a meia hora" Estava na universidade e não pensei em ninguém que pudesse marcar um encontro ali. Meia hora depois estava no local indicado e tudo que pude ver foi uma silhueta com grandes curvas e um cabelo longo. Hinata. Me aproximei e toquei no ombro para ter certeza que era ela quem me esperava.

-Hinata?

-Sakura. -Ela se virou e ficamos nos encarando alguns minutos. E inesperadamente ela me abraçou. Um longo e apertado abraço. -Eu senti sua falta.

-Pensei que me odiasse. -Fui fria a recepção da morena.

-Tentei, mas não foi o bastante. -Ela me olhava desconfiada.

-O que foi Hinata? Estamos quase virando o ano, não voltou simplesmente para...

-Itachi me procurou. -Levantei minhas sobrancelhas e fixei meu olhar no chão abaixando minha cabeça. -Ele está acabado Sakura, conversei com ele...

-Também não é fácil para mim Hinata. Não consegui. -Comecei a andar e ela estava no meu encalço. Sentei num banco já na área externa da universidade. Olhava o movimento de alunos.

-Se apaixonou? Sasuke?

-Sim, Sasuke. Ele agiu de acordo com o protocolo de como fazer uma garota se apaixonar. E conseguiu.

-Eu sinto muito, mas talvez ele tenha se apaixonado de verdade.

-Sério? Já ouviu o que Naruto tem a dizer? Ou Tsunade? Sasuke só estava atrás de um modo para atingir o irmão e eu fui sua grande arma nessa guerra.

-Por que não tenta esquecer o Sasuke e dar uma chance ao Itachi? Esse era o plano inicial. - A última frase foi um sussurro quase inaudível.

-Bem que eu queria, mas tudo vem à tona. Itachi é casado, o pai nunca o aceitaria com uma prostituta, ele teria que abrir mão de tudo que conquistou para estar comigo e então?

Levantei minha cabeça e meu olhar foi em direção a um trio que passava a alguns metros de nós, e lá estava ele, de roupa casual, uma camiseta cinza e calça jeans escura, com a mochila em apenas um ombro, devido ao meu silêncio logo Hinata seguiu meu olhar e nós duas o encarava. Os outros dois conversavam e ao olhar a sua direita seu olhar cruzou com o meu e ele parou. A morena ao meu lado se ajeitou no banco corrigindo sua postura, ele dispensou os meninos e mudou sua rota, agora caminhava em nossa direção.

-Olha, seja lá o que for fazer pense com a razão. Sabe que Itachi largaria tudo por você e te daria uma vida estável e...

Ela perdeu a fala quando ele estava próximo o bastante para poder ouvi-la.

-Hinata. -Ela deu um breve aceno. - Podemos conversar? - Agora ele falava comigo. Antes de responder Hinata me olhou e pediu licença. Ele se sentou e tirou um cigarro do bolso e o acendeu.

-Desde quando fuma?

-Desde sempre, não preciso mais fingir nada perto de você.

-Não, tenho a impressão que só presenciei a sua personalidade verdadeira duas vezes e a primeira não conta por que estávamos acompanhados pela sua submissa.

-E gostou? -Ele soltava a fumaça para cima.

-Esse seu tom rude combina mais com você, o garoto gentil com encontros clichê não faz muito seu tipo.

-Por qual dos dois você se apaixonou? -Ele era a imagem daquele homem que entrou em meu quarto a alguns meses atrás pela primeira vez.

-Ainda não descobri, mas sei que me arrependi.

-É muito fácil para a mocinha ter seu coração partido, é até normal não? -Ele tragou e soltou a fumaça, era uma pergunta retórica. -Mas pensa no outro lado, o cara rude, arrogante e sistemático ter seu coração nas mãos de outra pessoa. Não é natural que eu me apaixone Sakura, eu iria apenas usar você e cá estou eu, sentindo essa porra de coração bater acelerado só de estar ao seu lado.

-Como a vida nos surpreende.

-O que ela queria? - Não o respondi. - Veio trazer notícias do meu irmão? - Assenti calada. - Como esperado, ele não vai desistir de você.

-Não tem o que insistir, eu sei o meu lugar.

-Daria um daqueles livros românticos idiotas que lê.

-O que?

-Dois homens brigando pelo coração da protagonista indecisa. - Ele gargalhou. -Tem que fazer uma escolha Sakura, nenhum de nós esperará a vida inteira.

-Não estou pedindo que esperem.

-Não sou o bonzinho, não te levarei café na cama e nem farei amor com você. -Ele deu a última tragada e pisou o cigarro. -Não terá a vida dos sonhos de toda mulher, meus gostos são peculiares e minha forma de demonstrar amor é diferente.

-Está tentando promover seu lado? Porque não está funcionando.

-Estou sendo realista, com ele terá uma vida rotineira e estável. Comigo não.

-Com qualquer um dos dois corro o risco de ser trocada por outra. Isso já é estimulo o bastante para desistir.

-Está certa. -Ele me fitava. -Eu desisto. -O olhei surpresa. -Eu vou te deixar em paz.

-Fico lisonjeada, vai começar a partir de agora?

-Com uma condição. -Nos encarávamos e uma sobrancelha minha arqueou. - Que me deixe foder você uma última vez.

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