Ônix, Vila dos Pescadores, Sul de Terramar

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Quatro pessoas caminhavam pela areia da praia: um avô e seu neto; um homem alto, de cabelos brancos curtos e ombros largos; ao seu lado um garoto de cabelos compridos e estatura mediana.

Junto com eles caminhavam uma mulher jovem e bonita e um menino de uns dez anos de idade, de cabelos cacheados e olhos azuis muito curiosos.

— Me carrega, vô? — o menino pediu.

— Não, você já é bem grandinho, Germain.

— Ai, ai, ai! — Germain gemeu escandalosamente. — Chutei uma pedra, não posso mais andar.

Ele se sentou na areia

— Não exagere, Germain — a mulher disse. — E não fique para trás. — Ela e o avô continuaram a andar e o menino implorou para o irmão mais velho:

— Por favor, Abiel, me carrega.

O irmão pensou...

— Aquele dia eu dei seu recado para o Monod. Tive que ir atééé a ferraria e também levei sua cartinha para a ... — Abiel o cortou e Germain deu um sorrisinho satisfeito.

— Tudo bem, seu pequeno chantagista — o mais velho abaixou-se e o irmãozinho pulou de cavalinho em suas costas.

— Uhu! — exclamou.

— Quieto! — ralhou o avô e eles seguiram em silêncio.

Alguns minutos depois, aproximaram-se de uma casa. Um pequeno morro levou-os até a entrada, a grama era bem cuidada e havia uma mangueira que fazia uma sombra robusta sobre a casa. Nela haviam sido pendurados enfeites coloridos e nas suas raízes expostas uma mesa fora improvisada.

Ao vê-los, um homenzarrão largo e de movimentos espalhafatosos, se adiantou e os cumprimentou com alegria:

— Salve, Barons! — exclamou abrindo os braços. — É uma honra fazer a Última Celebração em minha em casa. Eu e o Dimitri crescemos juntos.

— Salve, Muratas! — O avô respondeu com entusiasmo e Válber envolveu o homem mais velho num abraço ursídeo.

Depois disso, o resto de sua família, que tinham seguido o patriarca também prestaram seus sentimentos. Amícia, melhor amiga de Abiel, seu irmão, Franjinha e a mãe deles, Verbena.

O pequeno Franjinha, com sua franjinha loura, logo se acercou de Germain e o arrastou até onde as outras crianças brincavam. Verbena levou Cassandra para dentro, as mulheres estavam lá terminando os preparativos. Ainda envolvido nas garras do urso Válber, D'Bastian foi guiado até a caneca mais próxima; e por fim, Amícia levou Abiel até a mesa.

— Coma alguma coisa — ela disse olhando para ele com interesse.

O garoto não tinha fome alguma, mas esticou a mão para um pastelzinho de carne.

— Como você está?

_Estou bem — mentiu dando uma mordida na massa e mudando o rumo da conversa. — Está muito bom.

Abiel sabia que Amícia não mordera a isca, mesmo assim a amiga pegou um pãozinho e respondeu:

— São da D. Gama, por isso.

Dona Gama era a melhor quituteira da região e não havia festa ou celebração em que seus quitutes não fossem requisitados. Na infância, Abiel, Amícia e os amigos costumavam passar tardes inteiras na casa da boa senhora, comendo bolos e doces até não poderem mais.

O garoto encheu uma caneca com cerveja e tomou um gole longo. Amícia ainda o encarava e seu rosto era uma mescla de preocupação e pena. Então, ele disse:

Os deuses de Anwar, A lenda de Abiel (EM REVISÃO - PAUSADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora