XVI A cidade sobre o lago

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Foi decidido que ficariam dois dias em Lótus antes de partirem para Atalanta.

No dia seguinte, Abiel acordou cedo. Os primeiros raios de sol atravessavam os vidros da janela deixando marcas quadradas no chão. O garoto espreguiçou - se, esticou os braços e teve um daqueles momentos em que a mente demora a se sintonizar com a realidade, mas então, em um apanhado rápido seus olhos correram pelo quarto e tudo voltou.

Em um beliche em frente à sua cama estavam Germain e Ronô. O irmão na parte superior e o gnomo na de baixo. Houvera um princípio de guerra na noite passada por conta dessa distribuição de lugares. Germain teimava por querer dormir na parte inferior, mas era certo que Ronô ficasse ali dado seu tamanho. Os dois brigaram feio até que Abiel pôs um fim na discussão e obrigou o menino a dormir em cima com um beiço enorme.

Ainda sonolento sentou na cama e bocejou. Colocar os pés descalços sobre o chão gelado lhe deu uma sensação boa de frescor. Sentiu-a por alguns instantes antes de levantar e se vestir. Só depois de trocado e pronto acordou o irmão e o gnomo, e alguns minutos depois os três seguiram pelo corredor até a sala.

Sobre a mesa de madeira o café da manhã já estava posto e Amícia e Rutsed já se serviam.

- Bom dia - o mago os cumprimentou de forma alegre.

- Onde estão os gigantes? - Germain perguntou e correu os olhos pelo lugar, como se fosse possível não vê-los se estivessem ali.

- Belathor está hospedado em outro lugar - Rutsed disse. - Vocês podem dar uma esticada nas pernas por aí e quem sabe encontra-los. Lótus é uma cidade muito bonita.

Abiel se animou com a ideia de conhecer lugar.

- É uma boa - disse servindo-se de um pouco de suco.

Rutsed terminou o café e saiu, dizendo que gostaria de acompanha-los em seu passeio, mas precisava resolver alguns assuntos. Era a segunda vez que o homem escapulia sob esse pretexto e Abiel desejou que não estivesse confabulando com nada que o fizesse ter que encontrar mais coisas.

Comeu um pedaço de pão recém assado, ovos e, por fim, após tomar uma xícara de café puro se sentiu apto a explorar o lugar. Foi o último a terminar de comer e Germain já estava impaciente sugerindo que aquela não era a última refeição que teriam na vida, e quando Abiel finalmente se levantou, o menino correu porta afora com Ronô na sua cola.

- Ei! Esperem aí - gritou para eles. Mas antes de sair se deteve. Amícia ainda estava à mesa e o garoto hesitou sem saber se deveria convidá-la ou não. Depois do desentendimento que tiveram não tinham se falado diretamente ainda.

Acabou decidindo-se por chama-la:

- Você vem? - perguntou.

A garota colocou as duas mãos sobre a mesa e se apoiando nelas se ergueu com um meio sorriso.

- Sim - disse.

- Que bom - Abiel falou sinceramente.

Pequenos barcos circulavam por canais entre as passarelas da cidade. Alguns eram meios de transporte, mas outros eram comércios dos mais variados produtos. Sobre eles podiam ser compradas roupas, acessórios decorativos, alimentos e utensílios.

Passaram próximos a um barco em que no mostrador se viam algumas adagas e facas e Abiel se interessou.

- Do que é feita? - perguntou ao vendedor.

O elfo, com um turbante enrolado na cabeça, seguiu o olhar do garoto e pegou uma das facas.

- Obsidiana - disse segurando-a nas duas mãos entre o polegar e o indicador. - E o cabo é de osso.

Os deuses de Anwar, A lenda de Abiel (EM REVISÃO - PAUSADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora