O queixo de Abiel já tinha caído algumas vezes e em outros momentos arregalara os olhos para o que via, mas quando voltou para a sala naquela noite, sem que pudesse evitar, ambas as coisas aconteceram.
Sentados próximo à porta de entrada, com as pernas entrecruzadas, como dois monólitos de buda estavam os dois maiores homens que Abiel jamais vira na vida. E isso incluía Artur Landau e seus 2, 10 cm de altura. Sem aumentar, aqueles dois deviam ter quase quatro metros de altura cada um.
- Por que você está parado aí barrando a porta? - queixou-se o irmãozinho.
Abiel saiu de lado e Germain e Ronô também entraram na sala.
- Minha... nossa! - exclamou o gnomo, que não passava nem da canela deles.
- Estes sãos os meus escudeiros - disse alguém - Admito que é um exagero, mas enfim.
Somente ao ouvir essa voz Abiel reparou nos outros. Amícia, Rutsed e Rakka estavam em volta da mesa e havia mais alguém entre eles: o homem que falara com eles. Que naquele momento ainda continuavam estacados à porta.
- Podem vir para cá - ele disse. - Eles são grandes, mas são domesticados. Brincadeira - acrescentou virando-se para os dois grandalhões, que amarraram a cara.
- Muito engraçado - disse um.
- Estou morrendo de rir - completou o outro.
Eram negros e idênticos e ambos traziam o torso maciço nu.
- Eles não têm senso de humor. Deixe-me apresenta-los, estes são, como já disse, meus escudeiros, os gêmeos Callegari: Aloan e Aloel.
Os irmãos deram um aceno de cabeça, que os três retribuíram maquinalmente, finalmente se movendo até a mesa.
- E eu sou Belathor - disse por fim o homem.
Era alto e louro. Seus cabelos compridos e amarrados nas têmporas em duas faixas terminavam em uma trança grossa que lhe batia na altura das costas. Um olho era branco e cego e uma cicatriz vermelha e reluzente trespassava o sobrolho sugerindo que uma lâmina afiada passara por ali.
O olho bom era de um azul intenso e profundo. Estava vestido com armadura de couro cru e presa à sua cintura havia uma espada em uma bainha de couro e ele parecia ter entre trinta a trinta e cinco anos de idade.
Sentado ao lado de direito de Rakka ficou mais próximo à Abiel, por isso cumprimentou Germain e Ronô com um aceno de cabeça, mas estendeu a mão para ele.
- Sou Abiel - disse o garoto, ao que Belathor respondeu:
- Ouvi falar muito de você.
- Ah, bem ou mal? - perguntou entrando no espírito brincalhão do recém-conhecido.
- Muito mal - disse o outro com um pequeno sorriso - Lamento.
Abiel ficou na dúvida se ele estava brincando ou não, quando Rutsed o apresentou:
- Belathor é o comandante dos Escudos do Norte.
- Ah! - exclamou Amícia como quem se lembra de algo. - Eu mencionei os Escudos do Norte em sua casa.
- Andou falando de mim? - Belathor perguntou, fixando o olho bom no mago.
- Um pouco, talvez, mas nada de mais - o outro respondeu.
Belathor riu com gosto e Rutsed o acompanhou. Então Rakka, muito séria, disse:
_Agora que já nos conhecemos, ao que interessa senhores.
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Os deuses de Anwar, A lenda de Abiel (EM REVISÃO - PAUSADO)
FantasyPouco tempo após a morte do pai em um navio Abiel recebe um estranho objeto entre seus espólios: a estrela verde, de cinco pontas, flutua no ar emitindo um forte brilho ao ser tocada por ele - magia não é bem vista no continente- o que pode lhe acar...