No dia seguinte os guardas vieram. O comandante fez muitas perguntas e eles responderam o melhor que puderam, mas Abiel não mencionou a estrela e antes de escurecer foram feitos os funerais no templo de Ônix e os corpos foram cremados. Mais para frente Abiel se lembraria de muito pouca coisa daquele dia. Recebeu os cumprimentos de vizinhos e amigos e acendeu a pira funerária do avô, mas tudo pareceu apenas resvalar nele, como se seu cérebro tivesse entrado em um modo de defesa.
Somente quando voltaram para a casa de Abiel foi que o garoto falou para Amícia sobre a conversa com o bardo, o que aconteceu na estrada com ele e Germain e as últimas palavras do avô.
- Eu te disse que era perigoso, não disse?
- Disse, eu sei.
- O que faremos agora?
- As minas, aquele homem que nos salvou sabe mais sobre isso, e ele disse que estaria lá.
- O pai está vivo? - perguntou Germain.
- Parece que sim. O que acham?
- Eu vou onde você for, irmão.
- Você se livrou daquele troço? - perguntou Amícia.
- Não, mas talvez tenha sido melhor assim agora.
- Melhor para quem hein, Abiel? Para a minha família? Para o seu avô? Por que talvez isso não tenha mais importância para eles.
- Eu sei disso, mas...
- Sabe? Mas então por que você mentiu para o comandante? Por que você não falou da estrela!?
- Eu não quis criar problemas...
_Tarde demais.
- ... Para mais ninguém.
- Corta essa - bufou a garota.
- Você pode acreditar no que quiser, Amícia, até mesmo em me culpar. E se isso te faz se sentir melhor, eu também me sinto culpado, mas eu não sabia que isso poderia acontecer.
- Mas aconteceu, não é? E você fala como se fosse algo banal!
- O que você quer que eu faça? Que eu morra também?
A garota lhe deu as costas.
- Eu fiz uma promessa para o meu avô, eu disse para ele que eu iria trazer os meus pais de volta.
- Eu também fiz uma promessa. Enquanto a minha família inteira queimava eu prometi que eu os vingaria.
- O único modo para conseguirmos isso talvez seja através daquele homem - ponderou Abiel.
- Eu vou até lá, mas só por isso.
- Tudo bem.
Amícia abriu a porta e saiu.
- Para onde ela vai? - perguntou Germain.
- Deixe ela, ela vai voltar. Vamos tentar dormir, eu quero sair bem cedo amanhã.
- É verdade o que ela disse?
- É.
- Você vai trazer o pai e a mãe de volta?
- Eu fiz uma promessa, não fiz?
Abiel se abaixou para ficar da mesma altura que o irmão.
- Tudo bem, eu não culpo você - ele falou.
- Era do pai - Abiel desculpou-se. - Eu sei que eu deveria ter me livrado dela, mas...
- Deixa eu ver.
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Os deuses de Anwar, A lenda de Abiel (EM REVISÃO - PAUSADO)
FantasyPouco tempo após a morte do pai em um navio Abiel recebe um estranho objeto entre seus espólios: a estrela verde, de cinco pontas, flutua no ar emitindo um forte brilho ao ser tocada por ele - magia não é bem vista no continente- o que pode lhe acar...