Fique forte, só isso.

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Agora é oficial, as férias chegaram. Eu não estou com um pingo de animação, mas a minha mãe disse que seria bom eu ir pro Acampamento de Verão.

- Chama Carol pra ir também! Vai ser bom pra vocês duas!

- É... Vou chamá-la.

Peguei minha bicicleta e fui pra casa dela.

•• toc, toc, toc ••

- Oi Emma, boa tarde. - A mãe das gêmeas me atendeu.

- Oi tia, boa. A Carol está aí?

- Está sim, no quarto dela. Entre.

Eu subi as escadas e bati na porta, ninguém me atendeu. Bati de novo. Ninguém me atendeu. Resolvi abrir a porta, ela estava trancada.

- Tia, a porta do quarto dela está trancada.

- Ah, sempre está. Esqueci de te avisar. Tome. - disse enquanto me entregava a chave.

Voltei pro quarto dela, e dessa vez abri a porta.

O que aconteceu por aqui?
Que remédios são esses?

Chamei a mãe dela, imediatamente.

- Tia, liga pra ambulância!! - disse desesperada.

A mãe da Carol pegou o telefone e ligou pra ambulância vir. Eu já estava abraçada com a Carol, pedi pra tia avisar que o caso é urgente. É tentativa de suicídio com remédios.

A ambulância chegou e foram reanimar Carol. Conseguiram e nós respiramos um pouco mais aliviadas, levaram ela pro hospital. A mãe dela foi dirigindo atrás da ambulância e eu fui junto com ela.

- Eu me sinto muito culpada, desculpe por fazer você sofrer Emma.

- Tia a culpa não é sua, ninguém tem culpa. Clara não sabia o que realmente estava fazendo.

A mãe das gêmeas foi seguindo a ambulância com as lágrimas caindo. Imaginei a dor dela: uma filha assassina e a outra tenta suicídio.

Chegamos no hospital.

- Vai ficar tudo bem com a sua filha. - O médico disse.

- Graças a Deus!

- Ela está com depressão, e precisa se distrair e tomar os remédios adequados.

- Sim, sim...

- Ela está acordada, podem falar com ela.

Eu me aproximei dela e tirei o cabelo de seu rosto.

- Por favor, você não pode me deixar! Eu não vou aguentar se você também se for! - eu falei enquanto as lágrimas caiam.

- Eu não aguento mais, Emma. Sei que Deus não gosta de quem comete suicídio, mas eu não aguentava mais.

- Peça ajuda a Ele para suportar tudo isso! Faça igual a mim, que oro toda manhã pra Ele me sustentar. Não é fácil pra mim, não é fácil pra você, não é fácil pra ninguém!

- Eu me sinto péssima, não imaginei que se eu me matasse, só ia piorar a dor das outras pessoas. Perdão, perdão! - Carol disse enquanto as lágrimas caiam.

A mãe dela se aproximou e a única coisa que disse foi:

- Eu te amo! Não me deixe!

Nesse momento eu pensei em visitar Clara, ela deve estar muito mal também. Falei pra tia que ia visitá-la, mas que não era pra contar pra Carol, pois assim ela ia ficar triste de novo.

- Carol, eu tenho que ir. Mas prometo que logo, logo eu volto! E ah, nunca mais tente suicídio, por favor!

Sai do hospital e peguei um ônibus. Fui até o local onde Clara estava internada.

- Eu posso visitar Clara? - perguntei a secretária.

- Infelizmente não, quem você é?

- Eu sou Emma. Moça por favor, me deixe entrar!

- Ela não está bem ainda e somente a família pode visita-la.

Não insisti, talvez Clara esteja realmente confusa. É melhor deixá-la no canto dela. Apenas escrevi um bilhete e pedi pra moça entregar a ela.

- Tudo bem vou entregar à Clara. Ah, vou ler, pois dependendo de como for o bilhete, se mexer com os sentimentos dela não podemos entregar.

"Eu te amo, fique forte."

A moça mesmo sabendo que não poderia entregar aquele bilhete, olhou pro meu rosto de uma amiga preocupada e deixou.

- Só por hoje!

Obrigada moça, muito obrigada!

Não abra a porta.Onde histórias criam vida. Descubra agora