° Capítulo 1

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Leiam as notas finais por favor :)

Boa Leitura !

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Aos 14 anos fui morar na Noruega, dizendo meus pais que o ensino lá seria melhor para mim e me deixaria do morro que morava. Aos 18 anos comecei a cursar direito, ainda na Noruega. Me especializei e fiz pós graduação, tendo o total apoio de meus pais, mesmo de longe, e da minha tia que era com quem morava durante os 9 anos longe do Brasil. Me tornei uma advogada conhecida, que pessoas de outras cidades me procuravam para resolver seus casos na justiça.
    Aos 23 anos me tornei a advogada mais bem paga e procurada da Noruega, para minha felicidade. Nesses anos longe dos meus pais, não os vi nenhuma vez, como dono do alemão e minha mãe sua fiel, sair do Brasil era pedir para morrer. Mas não foi nem mesmo necessário eles pisarem fora do morro para isso acontecer. Uma noite e casa, celular tocou e a notícia chegou pra mim: eles haviam sido mortos por alguém que não tem amor a própria vida.

  A raiva me consumiu de forma agressiva, naquele momento eu não pensava em nada, apenas em voltar para o Brasil e ficar com tudo aquilo que era do meu pai, ser a dona do Alemão e vingar a morte deles. 
     Ao pisar em solo brasileiro muitas lembranças se fizeram presentes em minha memória, segurei a lágrimas que insistiam em cair, tenho certeza que daqui pra frente tudo irá mudar. Não sei ao certo quanto tempo fiquei dentro daquele táxi, mas eu já estava em frente ao complexo, o lugar que eu cresci. Desço do carro com minhas malas após pagar a corrida e sigo para a entrada do morro.

- Libera minha entrada por favor - peço educadamente ao segurança mais antigo e mais confiável desse lugar.

- Pow patricinha, posso liberar não. Ninguém tá podendo entrar não. - ele responde sem olhar pra mim.

Ao levantar seu olhar pra mim vi seus olhos encherem de lágrimas e logo senti os meus ficando úmidos também. Matarindo era o melhor amigos dos meus pais e meu padrinho, sempre esteve ao lado dos meus pais para tudo que acontecesse, segurança particular deles, imagino o quanto está se sentindo mal com a morte deles. 

Abraço meu padrinho com força, pra tentar diminuir toda essa saudade que eu senti, falar por ligação não acobertava a vontade de dar um abraço apertado.

- Senti sua falta dindo, sei que não serei tão boa quanto meu pai, mas prometo dar o meu melhor para vocês aqui do morro, e juro vingança a quem matou meus pais.

- Sei disso meu anjo, você será a primeira mulher a comandar o morro e tenho certeza que não vai decepcionar. - ele diz olhando nos meus olhos- Piolho, levanta aí e ajuda a moça com as malas.

- Se vira Matarindo, a mulher é tua, se quiser tu leva as malas da dondoca aí.

Olho incrédula para o rapaz, provavelmente da minha idade ou até um pouco mais novo, enxugo as lágrimas restantes e me viro para o garoto que estava bem despreocupado com as coisas ao seu redor, é vapor novo, certeza.

- Você poderia, por gentileza, levar minhas malas até a casa dos Moreiras? Sabe como é né, estive fora muito tempo, tive um longo voo da Noruega até aqui. Ah, prazer, sou a filha do João, que era teu chefe, lembra? Mas pode me chamar de patroa, porque é isso que sou sua a partir de agora.

 Me despeço do Matarindo prometendo sair com ele hoje pra comer uma pizza da tia Neide aqui no morro. Subo as ruas do morro, passando por becos e vielas, matando um pouco da saudade que senti de cada cantinho daqui. Logo chego em casa e agradeço ao vapor, dando uma nota de R$50,00 pra ele que saiu todo feliz, sei que muitos vapores só entram nessa vida porque não conseguem emprego pra ajudar em casa, a maioria deles são menores de idade ainda.

   Quando entro em casa o cheiro familiar me preenche, mamãe não mudou nada de lugar no decorrer do tempo, o quadro meu, dela e do papai pendurado na parede da sala, até mesmo o vaso de flor no canto da parede. Tudo continua do mesmo jeito. No final da tarde decido ir visitar minha melhor amiga, a gente se viu mais duas vezes depois que eu fui embora, ela ia pra lá quando dava, mas logo começou na faculdade e no trabalho e não teve tempo mais.

    Assim que ela abre a porta se joga nos meus braços me abraçando e eu retribuo com força, A gente se conhece desde sempre, nossas mães se odiavam, mas com o tempo isso foi passando, era briga de adolescente que ficou no passado. Aline sempre foi minha parceira em tudo, no caso eu sempre encobria ela quando a mesma aprontava ou faltava na escola pra sair com namorado, sua mãe sempre descobria e deixava ela de castigo e eu apanhava da minha mãe. 

Já se passavam das 20h quando decidi ir na boca, ver como estava o movimento e me apresentar como a nova patroa, chegando lá uma mulher de cabelos coloridos que eu reconheceria passou por mim mas não me reconheceu, melhor assim, não quero brigas hoje.

- O que a patricinha está fazendo aqui? Acho que teu lugar é na zona sul com seus pais e irmãos.

Olho para o rapaz que falou assim comigo quando entrei na boca e não me surpreendi, usuário de drogas e dos mais bonitinhos ainda por cima, porém um completo sem educação;

- Primeiro, peço que tenha educação comigo que ai vou te tratar com educação e segundo, quem você pensa que é pra falar assim comigo? Tão bonito e tão grosso.

- Nem começa não morena, só vai pra casa, aqui não é teu lugar e aqui tá todo mal porque o chefe e a fiel dele morreram.

Respiro fundo antes de começar a falar, exijo respeito acima de todo e de todos, não é porque eu sou dona disso tudo que vai virar uma bagunça. 

- Sei bem que eles morreram e sei também que eles não iriam querer todo mundo triste por todos os cantos. Meus pais eram alegres e gostavam de uma boa festa, então organiza o baile ai e depois deixa as despesas todas na minha mesa, eu que vou cuidar da contabilidade por um tempo. Ah e tenham respeito, todos vocês, e não saiam falando para todos que verem que os patrões morreram, porque se for alguém da polícia vai cair matando dentro do morro achando que a gente tá fraco.

Deixo os rapazes ali presentes de queixo caído, acho que nunca viram uma mulher ser firme no que fala e exigir tudo isso, mas aqui tem que mostrar quem manda mas que tem educação com aqueles que estão ao seu redor.

- Aliás eu sou a herdeira disso tudo,  prazer sou Ágata, mas podem me chamar de Patroa.


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Para os novos leitores, sejam bem vindos estou a disposição para conversar e qualquer outra coisa que queiram tanto no privado quanto no instagram. Para os antigos leitores, sejam bem vindos de volta, tentarei atualizar o máximo que eu conseguir durante a semana. Espero que gostem da nova versão que estou fazendo com tanto carinho para vocês, mas lembrem-se a obra não terá um final diferente, só estou corrigindo erros e tentando melhorar na escrita, qualquer erro me falem, por favor. 

Com amor, Bella !

Ágata (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora