A invasão foi cessada, o Vidigal recuou, deixei Anna ir, só pra ela saber que eu vou ter o prazer de mata-la dentro do próprio morro. Foram longas horas de invasão com muitos mortos, a tristeza que eu nunca quis trazer para o morro era nítida. Alguns ali haviam perdido o filho, o pai, irmão, marido ou alguém da família, doía até mesmo em mim, ver tantas pessoas chorando, gritando.Sigo para casa cabisbaixa, com o coração na mão, a morte de todos aqui serão vingadas, morreram tentando salvas suas famílias, seus lares. Chego em casa e vou até o cofre e entro, dando de cara com o Bruno deitado em uma cama improvisada que as meninas fizeram.
Abraço ele com força e conto tudo o que aconteceu, conto sobre quem é minha irmã e tudo que ela me disse, falo também sobre o meu plano, vou entrar no morro inimigo sozinha novamente, não quero ninguém mais envolvido nisso, gente demais morreu salvando o morro, agora era a minha vez de colocar minha cara a tapa e evitar que mais gente morra e deixe as famílias sofrendo.
- Eu não concordo com isso Ágata, tá ficando louca? Entrar no Vidigal sozinha a essa hora? Esquece isso mano, vamos viver nossa vida, deixa o povo pra lá, vamos embora daqui pô.
- Desculpa Bruno, você tem o direito de não concordar com minhas decisões, mas essa eu vou cumprir. É por meus pais, por meu padrinho, pelo Neguinho e por todos que já morreram tentando proteger esse morro. E me espera, porque eu vou voltar, por você, por nós.
Saímos do cofre e ele ficou no canto dele cabisbaixo, poxa, ele tem que entender o meu lado da mesma forma que entendo o dele. Antes de sair dou um selinho em seus lábios e saio, sem olhar para trás.
Subo o Vidigal assim que eu chego e vou em direção a boca, os seguranças daqui continuam sendo babacas, enquanto ando coloco o silenciador na minha arma e mato os dois seguranças que estavam na boca fazendo a vigia. Entro nas salas e não encontro nenhuma delas, até que ouço barulho de tiros. Isso é coisa do Bruno, deve ter mandado alguns dos nossos pra invadir e eu ganhar tempo.
Entro em uma das salas que por conta das fotos parece ser da Anna, sento em sua cadeira e fico apenas esperando, com a invasão logo ela chega aqui. Após alguns minutos ela e a sub entram e eu fico apenas escutando a conversa, visto que ainda não notaram minha presença.
- Droga Anna, onde você foi se meter? Conheço a Ágata desde pequena e sei que ela só para quando consegue o que quer.
- Calma, a gente vai matar todos, inclusive a Ágata, antes mesmo que ela apareça por aqui novamente.
Dou uma gargalhada e me viro na cadeira giratória, elas me olham e ficam petrificadas, pelo jeito estão sem arma e eu estou rodando a minha entre meus dedos.
- Bom, acho que eu apareci aqui novamente antes de você me matar, mas é só pra avisar que eu vou te matar primeiro.
- Como conseguiu entrar aqui?
- Com as pernas- falo obviamente.
- Porque está aqui?
- Eu já falei, mas posso repetir, pra te matar.
O silêncio se fez presente na sala enquanto eu observava tudo ao redor, eu não podia colocar tudo água abaixo logo agora que estamos as duas sozinhas aqui e que para minha sorte estão desarmadas.
"Eu consigo" repeti em minha mente várias vezes antes de mirar na sub, ela merece morrer primeiro por morar no meu morro e ser a sub daqui. Começo a lembrar de todos os mortos em meu morro e atiro contra ela.
Um, dois, três.... Perdi as contas de quantos tiros dei na Stefani, sei que seu corpo ficou todo perfurado. Me aproximo da Anna e miro a Taurus no seu coração.
- Me mata irmãzinha, isso que você fez com a Stefani foi crueldade, mas eu gostei, ela me enchia a paciência mesmo, toda hora queria desistir do plano. E quando ela soube que eu mandava recados para você no nome dela? Meu Deus e quando ela descobriu que eu armei tudo para ela estar naquela praça e ser vista por um dos seus? Ela ficou nervosa, queria desistir a todo instante.
- Você é cruel Anna, não merece viver nesse mundo, você vai morrer da mesma forma que meus pais. Mas você pode escolher a ordem, primeiro na cabeça ou no coração?
Ela me olha e me sinto fraquejar por um momento, mas começo a lembrar dos meus pais, do meu padrinho e do Neguinho, é por culpa dela que eles morreram e agora era a hora de pagar.
- A gente se vê no inferno, irmãzinha.
Nem ao menos deixo ela responder, acerto três tiros no coração e dois na cabeça. A morte de todos foram vingadas. Saio da sala dela e dou vários tiros para cima até a arma descarregar as balas que tinham nela. Os barulhos de tiros haviam cessado, todos perceberam o que aconteceu. A dona do Alemão, agora se tornou a dona do Vidigal. Querendo ou não, vão ter que me engolir.
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Deixem o votinho de vocês ai, vai
Com amor, Bella
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Ágata (Completo)
Diversos"Aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós." - Amado Nervo. Se ela soubesse que aquele dia aos 14 anos, no aeroporto, seria a última vez que abraçaria seus pais, teria aproveitado mais. Advogada, renomada e filha do dono do morro...