° Capítulo 19 °

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Já se passaram longos 3 anos desde a morte dos meus pais, a vida continuou, mas não tem um dia sequer que eu não me lembre deles. Lembro sempre também do meu padrinho, como eu sinto falta de todos, com toda certeza eu ainda estaria na Noruega, mas pelo menos eles estariam vivos e me ligando todos os dias. Dizem que a voz é a primeira coisa que a gente esquece, depois os traços, de como eram os abraços e então chega uma hora que você apenas se lembra, por isso eu sempre escuto um áudio de cada um deles, para eles estarem sempre presentes na minha memória.

Faz mais de 2 anos que a Aline se mudou, atualmente ela está no nordeste. Seu plano de viagem está indo de bom pra melhor, está realizando seus sonhos e eu fico super feliz com isso. Minha relação com o Bruno melhorou, mas nossas conversas são todas a respeito de morro, nada pessoal. Envolveu tanto com a mina lá que arrumou um filho pra cuidar e uma mulher que só da dor de cabeça pra ele. 

Hoje eu resolvi entrar no quarto dos meus pais para separar as roupas para doarem, nunca havia entrado nele desde quando voltei, sempre paguei uma pessoa para deixar tudo limpo e organizado. Então hoje decidi que quem faria isso era eu.

Entrei e fui direto para a parte do closet, era impressionante a forma que as coisas continuavam da mesma forma de anos atrás, passo as mão por todas as roupas, me lembrando dos meus pais nelas, da forma que os vestidos caiam como luva no corpo da mamãe e o quanto papai ficava charmoso com as camisas de manga comprida.

Mecho no cofre deles e noto estar vazio, exceto por um pedaço de papel ao fundo, pego o mesmo com cuidado para não rasgar. Noto ser uma carta e pela caligrafia, foi a mamãe que escreveu. Com os olhos marejados, antes mesmo de ler abro a carta e respiro fundo, iniciando a leitura.

"Oi minha filha, bom, se você encontrou essa carta o pior aconteceu. Não sei quando você está lendo essa carta, mas eu espero que você esteja bem. Quero te pedir desculpas, por nunca ter te contado a verdade, mas agora você vai saber de tudo.   Quando eu tive você, eu esperava também sua irmã, a Anna. No hospital conheci uma mulher que ia dar a luz naquele mesmo dia, os médicos diziam para ela que as chances da bebezinha sobreviver, eram pequenas, mas os médicos já estavam pensando em algo além disso. Eu e essa mulher tivemos bebê na mesma hora, em quartos ao lado, eu tive gêmeas e ela teve uma linda menina, que infelizmente nasceu já morta.   Mas a notícia que veio para mim foi diferente, durante anos, sua irmã não havia resistido ao parto. Anos depois a sua irmã veio nos procurar, mas a versão da história da mãe dela havia sido totalmente diferente, ela sempre achou que seu pai havia engravidado a mãe dela e sumido no mundo, para ver se seu pai ajudava financeiramente. Ele ajudou e ela sumiu, quando voltou, não quis nem saber de dinheiro, simplesmente voltou com ameaças de que iria matar a gente. Se você está lendo isso, é porque ela realizou o que almejava. Filha, não leve culpa no coração, seja muito feliz e viva a sua vida, seja ela dentro ou fora do morro. Eu e seu pai te amaremos eternamente. 
  Com amor, mamãe"



Termino de ler e sinto meu coro fraquejar, a Anna nunca teve culpa do que aconteceu, sua mãe envenenou sua cabeça, mas sabe, eu não me sinto arrependida pelo o que fiz, ela continua sendo assassina.... E eu também.



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Deixa seu votinho ai, vai

Com amor, Bella

Ágata (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora