Capítulo 57.

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─ Posso sentar com você? ─ quase não noto sua presença, estava viajando tanto que só fui traga de volta por conta de sua voz e seu perfume. Não consegui recusar, assenti e o mesmo se sentou bem perto de mim apoiando suas mãos na areia e também encarando o mar imenso.

Bruno não falou nada e me senti mal, me senti mal por não falar com ele. Estava agindo como boba, olha o que ele estava fazendo por mim. Eu precisava ao menos agradecer e parar com toda aquela confusão.

Estava agindo como uma idiota e muito infantil deixando de falar com ele por coisas que nem sabia se era verdade, apenas por envenenamento da ex que ainda o amava.

Tratei de quebrar o silêncio e parar de ser idiota.

─ Muito obrigada pela festa, eu gostei muito ─ digo sincera lhe esboçando um sorriso e ele me olha e ri sem mostrar os dentes. Volta a apreciar a noite.

─ O que aconteceu? Por que a repentina crise de bipolaridade? ─ ele pergunta após um tempo em silêncio.

─ Não foi crise de bipolaridade, na verdade. Foi de ciúmes... ─ digo baixinho abraçando meus joelhos. ─ Sei que você tem sempre mulheres ao seu redor por vinte quatro horas, mulheres bem mais bonitas que eu, como Vivian era...

─ E quem disse que quero uma mulher bonita? Eu quero você... não está claro ainda? ─ seu olhar se cruza com o meu.

─ Eu só... tive medo ─ encosto meu queixo no meu joelho e encaro o mar. ─ Tenho medo de achar alguém melhor... sabe, tenho medo de entregar meus paraísos pra você completamente, não sei se terá cuidado com eles, já estou cansada de os ver sofrer tanto, se eles sofrerem mais não sei o que será de mim.

Bruno suspira, me puxa pro colo dele e me agarra como um bebê, ele beija a lateral do meu rosto e afaga meus cabelos.

─ Não vai... não vou fazer eles sofrerem, eu juro.

─ Bruno...

─ Lara, ─ ele me levanta e me faz olhar em seus olhos intensamente. ─ eu te amo.

As palavras saem de sua boca de forma lenta e sincera, seus olhos estão firmes e seguros, ele toca meu rosto e o acaria com seu polegar. Nem sei o que dizer, minha garganta trava, meu corpo congela e paro de respirar por um segundo.

Abro a boca diversas vezes e a fecho tremendo. Ele arqueia a sobrancelha e me visa esperando por uma resposta minha.

─ Eu também te amo ─ digo com toda minha sinceridade, essa era a verdade, eu amava Bruno, amava loucamente ele.

─ Eu sou louco por você, não consigo mais ter sentido sem te ter, sem ter seu sorriso, seu beijo, seu corpo... não estou com você apenas por sexo, é algo mais intenso, em seis meses você me causou algo que nunca havia sentido, eu liberei essas palavras bem antes do que imaginava liberar, mas é a verdade, você quebrou a regra de número S202... ─ ele segurou em minha nuca e me olhou enquanto ouvia tudo aquilo com meu coração mega acelerado. ─ A regra de roubar meu coração, a regra de me fazer me apaixonar, a regra de me declarar e gritar pra todo mundo que queira ouvir que você é o amor da minha vida... Eu te amo, Lara. Eu te quero... te quero só pra mim...

Meus olhos já estão transbordando, é automático, Bruno limpa as lágrimas que escorrem e não consigo dizer nada. Era mais que recíproco... ele falou tudo que eu sentia.

─ Namora comigo? Seja minha, e enfrente o mundo ao meu lado, sem dar importância pro que falarem, o que importa é nosso amor, creio que ele seja mais forte do que a opinião alheia.

─ Eu aceito, amor ─ choro lhe abraçando, molho toda sua camisa pelas minhas lágrimas. ─ É tudo que sempre quis, eu te amo, amo muito. Aceito ser sua, aceito enfrentar tudo ao seu lado, eu aceito.

Ele me puxa pela nuca e me beija, é um beijo terno e gostoso, é um beijo que descreve nosso amor doido e confuso. Seus lábios macios parecem se encaixar nos meus como um quebra cabeça, meu coração parece uma escola de samba, e a felicidade em mim apenas cresce mais e mais.

Eu era namorada dele, oficialmente estávamos juntos.

Ele era o homem da minha vida e eu o amava intensamente. Amava seu jeito irônico e brincalhão, ele me fazia feliz apenas com um sorriso. Não era perfeito, na verdade, passava longe da perfeição, era sarcastico em tudo que falava praticamente, era ciumento e tinha aquele jeito especial, e eu amava tudo isso nele. Ele era meu irônico, meu homem, meu amor, meu brutamontes petulante e chato, meu Batman, meu namorado, meu, somente meu, e claro... meu paraíso como sempre foi.

Em pensar que um dia já senti ódio pela aquela carinha debochada, e agora eu amava o mesmo. Em pensar que nós dois nos atraímos sem nem mesmo imaginar que era amor, ele era o contrário de mim, o meu oposto. Mas mesmo assim surge amor entre nós dois.

E eu estava disposta à tudo para permanecer ao lado dele, ao lado do meu amor, do meu paraíso.

Paraísos PerdidosOnde histórias criam vida. Descubra agora