Capítulo 67.

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Bruno narrando:

Observo meu pai, senhor Renato Rocco, discutindo sobre clientes e seus casos, para designar à cada advogado onde acompanhariam o caso. Mas eu? Eu estou completamente alheio da minha situação, aliso meu queixo enquanto olho perdidamente pro nada.

─ Bruno? ─ ouço a voz grave dele, me desperto dos pensamentos e o encaro esperando uma continuação. ─ Profissionalismo.

Me desperto, passo as mãos pelos cabelos os colocando para trás e procuro me concentrar na reunião. Ele me entrega a ficha, um pai que estava sendo processado por pensão alimentícia, odiava esse tipo de caso, mas dei mais uma olhadinha tentando me concentrar.

Quando a reunião chegou ao fim peguei minha mochila, a ficha e desci pelo elevador do escritório indo pro estacionamento.

Joguei minhas coisas em qualquer lugar e coloquei a chave na ignição, fiquei um tempo ali parado, até encostar minha cabeça no volante e suspirar. Merda! Sentia tanta falta dela, tanta falta de tocar seu corpo pequeno e beija-la lhe arrancando suspiros. Aqueles suspiros e gemidos que me deixavam louco.

Nem passo em casa, vou direto pra faculdade. Minha relação com Arthur não podia estar pior, ele me ignora e coloca a culpa em mim. E eu também me culpo por ela ter ido embora, me culpo todos os dias. Mas infelizmente ela não aceitava minhas desculpas, mesmo eu fazendo de tudo. Eu quase não parava no apartamento com os meninos, ficava mais no meu apartamento, mas onde era meu canto e meu refúgio agora só dava Lara e apenas Lara. A cama com seu cheiro, os lençóis com seu aroma doce e delicado, e quando sentava naquela maldita poltrona eu sempre olhava pra cozinha e esperava ver ela bem ali vestindo minhas camisas e suas calcinhas que me deixavam louco de tesão.

Por isso que eu havia voltado a beber, pra esquecer ela. Na verdade, a bebida em minha vida sempre serviu pra algo, e agora estava me ajudando. Depois da faculdade eu ia pro bar, bebia algumas doses ao ponto de não enxergar mais nada na frente e ia pra casa dormir, minha rotina estava magnífica.

Mas quando estamos acostumados com algo na vida e perdemos essa coisa... ficamos assim.

Depois da aula, fui comer algo no refeitório e quando ia saindo pelos portões da faculdade fui parado por Vivian que corria segurando sua bolsa de lado. Seus cabelos estavam bagunçados de um jeito até bonito, eu achava Vivian linda, mas ela não se valorizava.

─ Tá indo pra onde? ─ ela pergunta curiosa. Era apenas o que me faltava, alguém querendo tomar conta da minha vida.

─ Minha vida é da sua conta desde quando?

Ela encolhe os ombros com a resposta e encara o chão.

─ Me preocupo com você, Bru. Sei que já namoramos mas agora somos apenas amigos, mas eu que fui uma grande influência naquela época pra você sair da vida que levava... não quero te ver afundado nas bebidas de novo, eu quero te ver bem ─ ela diz sincera, posso ver em seus olhos verdes, mas um misto de decepção e raiva me atinge.

─ Não quero sua ajuda, por que não vai dar pra algum dos meus amigos, querida? ─ a deixo falando sozinha e vou pro meu carro.

Antes de ir pro bar que ficava perto de casa parei na praia pra estudar um pouco sobre o caso designado, e foi até bom, por alguns minutos esfriei totalmente a cabeça daquilo tudo.

Paraísos PerdidosOnde histórias criam vida. Descubra agora