Capítulo 09.

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─ Olha, Bruno ─ faço uma careta de ironia. ─ Vamos fazer um acordo? 

─ Adoro acordos, coisa de direito ─ ele fala se achando. 

─ Você cuida da sua vida e eu da minha, que tal? Vamos fingir que nenhum de nós existe? ─ proponho e o mesmo sorri sem mostrar os dentes, em seu rosto quadrado perfeito, com a barba mal feita, é possível ver as covinhas e rugas que se formar ao sorrir sem mostrar os dentes.

─ Infelizmente isso é impossível, tenho que olhar sua cara todos os dias e não me seguro, tenho que implicar com você, é algo natural. 

Qual era o problema dele comigo? Era tão difícil me deixar em paz?!

─ Então, vai se foder ─ saio dali cansada de discutir com o mesmo, sei que se ficasse, ele discutiria até amanhecer. 

Volto pra varanda e pego uma bebida virando, nem vi o que era, só sei que era azul e tinha um limão. As meninas dançavam agora com Arthur que ainda dançava engraçado, ele balançava os braços e ficava inclinado, era sarrada no ar, afinal?

Fui dançar com ele e as meninas e o mesmo chegou me abraçando e rindo.

─ Bora dançar aquela música... é... ─ ele colocou a mão no queixo e cambaleou. ─ Aquela que descreve bem as meninas ali na sacada... as pirigas... é... bora dançar.

Estava começando a desconfiar a sexualidade de Peter, até que ele foi até Júlia e a pegou pelos cabelos beijando a mesma. Maysa e eu nos entreolhamos e rimos, ambos estavam bêbados.  

Saímos dali e deixamos os dois se pegando no sofá, Arthur pulava sozinho em um canto com uma garrafa de bebida na mão e o pessoal dançava e conversava, Clara, coitada, estava jogada no chão morta de bêbada.

─ Bora, Lara, bebe aqui com a gente ─ Victor disse rindo e me entregando uma garrafa de bebida.

─ Eu não bebo muito... e...

─ Conversa, você está na casa do seu primo, com amigos aqui, que mal pode te acontecer? Somos todos amigos ─ ele diz e todos assentem.

Dou ombros e pego a garrafa de vodca bebendo, odiava aquele gosto, forte, queimava, a bebida desceu queimando pela minha garganta, eu balancei a cabeça, gosto ruim demais. Fiquei bebendo com Maysa e ouvindo eles conversando, Maysa conversava, já eu estava tontinha da silva, sentia minha visão embaçada, meus pés dormentes e quentes, e do nada comecei a rir.

Eu sou muito fraca pra bebida, isso é um fato.

Me levantei meio cambaleando e quase caí de cara no chão, eles sorriram de mim, do nada meu rosto ardeu, pois aquelas risadas me lembraram de todos rindo de mim quando me aconteceu o que me aconteceu, deixei eles ali e saí dali pisando fundo, as lágrimas mornas desceram pelo meu rosto enquanto fui direto pro quarto meio que cambaleando e sem equilíbrio, enxergava tudo embaçado que nem sabia pra onde estava indo. 

Não conseguia abrir a porta e quando consegui acabei caindo por cima de alguém, aquele perfume forte e amadeirado, aquelas mãos quentes... Bruno me pegou pelos braços com força e me colocou de pé, mas não conseguia ficar um segundo em pé.

─ Não, não, me solta, vou chutar sua canela ─ digo o ameaçando e o mesmo começou a rir.

─ Está bêbada ─ disse me segurando. 

─ Acha que não sei? Seu idiota ─ solucei me enrolando com as palavras. ─ Onde eu tô?

─ Na turquia, você foi traficada ─ ele disse e arregalei os olhos, ele começou a falar uma língua estranha, inglês? espanhol? italiano? todas essas, mas, misturadas.

Paraísos PerdidosOnde histórias criam vida. Descubra agora