13. Falling in love.

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As dúvidas aos poucos vão sendo respondidas, as lacunas que o tempo havia deixado parecem ser preenchidas, uma boa sensação, algo que não era simples de decifrar, mas o consciente me mantinha lúcido de que algo estava em plena mudança.

E esse algo era eu.

É estranho quando em pouco tempo seus dias parecem trilhar outro caminho, aquela loucura de antes mais parecia estar congelada, mantida presa, e pela primeira vez me sentia leve. Nunca fui um fã de mudanças, apenas aquelas que devem ser feitas ou as que vêm com um tempo, entretanto, existem as que foram moldadas pelo destino exclusivamente para você, e essas chegam a me frustrar.

Ontem fui surpreendido pelo Jensen, que me disse ter uma surpresa, o primeiro pensamento que tive era que não passava de algo extremamente bobo, talvez ele me convidasse para mostrar um livro que acabou de lançar, por exemplo. Nós pagamos por nossas incertezas e pensamentos mesquinhos, foi o que aconteceu comigo. Jensen me levou para um bosque onde todo o gramado era mantido em segredo por ter belas folhas laranjadas em toda sua extensão, o clima era refrescante, vez ou outra a frieza fazia minha pele arrepiar. A noite já estava começando a se mostrar presente, afinal era um fim de tarde, e era incrível como esse horário fazia o tom verde das orbes do Jensen mostrarem-se mais intensas.

Por alguns momentos o azul dos meus olhos estava destinado a se misturar com o verde.

Nós corremos, as folhas levantavam e voltavam a cair, tudo estava perfeito, um momento que nunca havia presenciado. Mas meu coração pareceu manter-se em total paz quando meus lábios foram selados aos do loiro. Foi natural, suave como a brisa que insistia em nos tocar.

Foi único.

Despertei dos meus próprios pensamentos quando o despertou tocou pela terceira vez, o desliguei apressadamente e coloquei no móvel o pequeno bloco de notas em que estava escrevendo breves relatos do meu dia anterior; poderia escrever tudo o que minha mente desejava, mas tentava ao máximo resumir, eram momentos que ficariam mais seguros guardados no meu próprio subconsciente.

Levantei-me preguiçosamente da cama caminhando a passos lentos à janela daquele cômodo, uma fina camada de suor no vidro impedia que tivesse total visão do ambiente a fora, então a limpei com a manga do suéter azul que vestia, ultimamente paisagens me agradavam, tomavam toda minha atenção e até comecei a considerá-las meu ponto de paz. Um casal de garotos estava caminhando na rua, suas mãos entrelaçadas, sorrisos alegres, qualquer um poderia decifrar a felicidade que tinham pelo brilho de seus rostos. Repousei a cabeça no vidro da janela para apenas observá-los, e naquele momento uma imagem turva do Jensen invadiu meus pensamentos, estava sorrindo de modo que suas bochechas chegavam a se avermelharem, falava algo que não conseguia compreender, mas somente por ver seu sorriso fez o meu também mostrar-se presente.

I've watched those eyes light up with a smile
River in the not good times
Oh, you taught me all that I know

Um pequeno verso da música Breathe vagou por meus ouvidos, misturou-se com os lapsos de memória que estava tendo, por um momento o tempo pareceu parar e estava preso ao meu subconsciente, mas não durou tanto já que simplesmente balancei a cabeça para me livrar daquilo.

Não posso, não posso.

Repetia inconscientemente enquanto seguia para o banheiro a fim de que uma ducha me desprendesse da minha própria mente. Retirei cada peça que estava vestindo e as joguei no cesto, assim que entrei no Box posicionei minha mão no registro do chuveiro referente à água morna, as correntes úmidas lavavam meu corpo, mas também o peso da incerteza. Meus olhos estavam fechados, breves trechos daquela mesma música ainda vagavam em meus ouvidos e continuaram até que desisti de lutar contra isso.

Venenosa ➸ j.mOnde histórias criam vida. Descubra agora