Segundas-feiras e Outros Desastres

Bom dia!

Com toda a confusão acabo esquecendo que passaria a segunda-feira toda com os meninos no escritório. Precisávamos mesmo nos reunir pra tentar entender todas aquelas informações desencontradas que nos passaram. Por sorte consegui que o Rogério passasse lá para dar uma olhada também. 

-Bom dia a todos!

-Bom dia Rogério, como tem passado?!

-Alguns problemas chatos no escritório, mas nada muito grave. Infelizmente temos que ser rápidos, pois tenho um compromisso daqui a pouco. 

-Então, Rogério - inicia falando o Mathias - o caso é que para nós que estamos recebendo os dados está muito complicado achar resultados limpos. Nós queríamos ter acesso às bases de dados da fonte, até pra entender por que estão tão embaralhadas. Esses últimos arquivos por exemplo  - aponta pro computador - estão praticamente perdidos. 

-Além disso, em alguns arquivos como os que foram enviados na quarta, há informações incompletas e até colunas inteiras sem qualquer informação - complementa o Fabio.

-Olha pessoal - começa o Rogério com uma expressão estranha no rosto - quando o nome de vocês foi sugerido para compor a equipe da força tarefa eu apoiei por achar que eram as pessoas certas para o trabalho. Já os vi encarando situações mais desafiadoras que esta. Não pode ser assim tão difícil limpar esses dados!

Uma ponta de preocupação brota na minha mente. Muito, mas muito estranha a forma como o Rogério encara a situação.

-Eu concordo com você Rogério - Inicia o Fab - seria um trabalho relativamente fácil diante dos que nós já trabalhamos, acontece é que você bem sabe, precisamos de material para obter respostas. 

-Gente, isso é mais do que material suficiente! Ana Rita, acho que precisa coordenar melhor a situação, talvez estejam indo com muita sede ao pote, é só a primeira semana! - Fala tentando parecer calmo, mas definitivamente aborrecido.

Os meninos continuam argumentando, mas nada do que eles falam parece convencer o Rogério de que algo errado está acontecendo. Resolvo então interferir. 

-Bom, acho que já tomamos o seu tempo mais do que necessário, Rogério. Nós vamos seguir seu conselho e continuar trabalhando com o que temos. Como o Mathias falou o ideal seria acessarmos esses dados direto das fontes, mas não irei argumentar sobre isto pois pela minha experiência sei como é difícil consegui-los. Muito obrigada por ter vindo aqui e o manteremos informado dos nossos progressos.

-Façam isto! e no mais confiem em si mesmos e façam o que sabem! - diz com um sorriso apaziguador no rosto e se despede brevemente.

O silêncio paira.

- Mas o que? ...   - Fab vai começar a falar, mas para o meio da frase. 

-Gente, eu tô passada em ferro de brasa! Alguém me explica por que ele agiu como se estivéssimos falando grego? - Fala então o Mathias. 

-Calma meninos, o Rogério já chegou aqui preocupado, claramente a cabeça dele estava em outro lugar. Além disso, ele está mais acostumado com o serviço público do que nós, onde os resultados demoram mais a aparecer!

-Não, Tata, não se trata disso, se a gente continuar desse jeito os resultados não vão demorar, eles simplesmente não virão! É impossível tirar algo desse material, você sabe disso. 

-Eu sei, Fab, mas estamos no começo, estamos pegando os dados com recorte temporal, nós sabemos que dados assim estão mais organizados quando pegamos o período mais recente - tento convencê-lo sem tanto sucesso. Como convencer alguém quando nem você mesma está convencida? 

-Olha, eu sei disso, mas não é só isso que está me incomodando. Foi só eu ou vocês também sentiram como se o Rogério estivesse nos tratando como estagiários?

-Ah, para Fab, ai já é demais! - Falo achando graça!

-Demais não fofa, como ele tem a cara de pau de nos perguntar se não sabemos limpar uma base de dados? e com você, insinuando que não sabe lidar com a situação? Só não mandei ele tomar no c* por que tomar no c* é mara, mas fiquei enputecida! - observa o Mathias, visivelmente incomodado.

No fundo tive a mesma sensação que os meninos, mas não queria colocar mais lenha na fogueira, além de crer que essa foi uma impressão errada pelo fato do Rogério não estar em um dia bom. Espero mesmo que seja isso!

-Olha gente, essa manhã foi mesmo estressante, eu sei, mas vamos continuar trabalhando e tentando achar um caminho. Por via das dúvidas façam relatórios minuciosos do trabalho que está sendo feito, vamos nos respaldar! De todo modo o Rogério está certo em uma coisa, só se passou uma semana e temos muito trabalho ainda pela frente.

Resolvo passar o resto da tarde no escritório fazendo o mesmo que os meninos, olhando pro computador e me sentido como num labirinto de números que vão do nada para lugar nenhum. A parte boa é que com tantos problemas para resolver quase não lembrei do juiz perdição. Ma o fato é que logo logo o amanhã chegaria, e encarar meu outro problema não seria mais uma opção.