Madness

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Assim que cheguei naquela festa soube que se meu objetivo durante a semana era ficar longe dela, eu definitivamente falhei. 

Não me defino como romântico, na verdade estou bem longe disso, então é obvio que não acredito nessa besteira de amor a primeira vista, mas o fato é que não posso negar a forma como Ana Rita me afetou desde a porra do momento em que olhei pra ela. Não sei se foi sua altivez, seu jeito obstinado, a forma como me olhou, ou simplesmente seu corpo e tudo que ele provocava no meu, mas o fato é que desde aquele dia eu não consigo mais me concentrar do mesmo jeito e esse é o tipo de coisa inadmissível pra mim! Não posso deixar uma atração descabida afetar o meu trabalho. Estava convencido disso, ao menos até encontrá-la na festa do Caio. 

Durante os dias que se passaram desde a primeira reunião de equipe meus sentimentos em relação a ela foram vários. Primeiro o impacto da sua presença, que me deixou abobalhado olhando pra ela. Depois o misto de atração e raiva pela forma como ela me tratou. Com o passar dos dias foi de admiração por constatar que entre a equipe ela possivelmente era a mais empenhada e preparada. Agora, com tanta proximidade, tudo isso se misturou a ponto de fazer o que fiz e perder a cabeça.

Estar com ela nos meus braços é melhor do que imaginei, mas não podia deixar de me recriminar sobre como fui irresponsável e hipócrita em fazer o que fiz. Logo eu que sempre recriminei relações entre funcionários. Que me afastei de todas as formas de distração. Que fechei meu coração todos esses anos. É claro que possivelmente isto não passa de uma atração, por conta de todos esses anos na "seca", mas não podia usar isso como desculpa pra me envolver com uma colega de trabalho, ainda mais desse trabalho que pra mim era o mais importante desde que me tornei juiz. A unica explicação é que estava ficando louco!

Mas por que, mesmo sabendo de tudo isso, não a solto e vou embora dali? O beijo dela era como um ímã poderoso que sempre me atraía pra mais perto. Seu cheiro me deixava tonto como se enebriado por algum entorpecente. Tocar seu corpo e sentir suas reações era como uma descarga de adrenalina em meu cérebro. O que porra estava acontecendo comigo?

Meu telefone toca e me tira do meio dos devaneios e sensações. É o número de Berna, baba do Gabriel. 

-Oi Berna, o que houve?

-Dr. Carlos, onde o senhor está? O senhor precisa vir pra casa!

-Fala logo o que aconteceu - falo exasperado, já pensando as piores coisas.

-O Gabriel não tá em casa. Acordei agora e verifiquei o quarto. Ele não está aqui. Já busquei a casa toda e ele não está! - Fala aos prantos. 

-Calma Berna, eu estou indo praí - e desligo o telefone. Olho para Ana Rita como se aquele momento que acabamos de passar tivesse ocorrido há muito tempo. Todo a realidade desaba de vez na minha frente em forma de desconforto tanto da minha parte quanto da dela. 

-Eu preciso ir - Falo rápido já correndo dali. Sei que a deixo de forma quase rude, mas não conseguia raciocinar direito, só pensava no Gabriel e em como queria ter o poder de me materializar em casa nesse momento. 


Segundas-feiras e Outros DesastresOnde histórias criam vida. Descubra agora