Prazer, Desafio

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Chegamos ao estacionamento do shopping e já percebemos a movimentação. Muitos canhões de luz e uma musica eletrônica que ia ficando cada vez mais alta. Realmente parecia uma balada ~despretenciosa~. Ainda bem pois já estava ficando com medo de ter vindo com a roupa errada.

Entramos, e mil garçons aparecem servindo bebidas, pego uma água e nós três nos separamos em nossa rotineira estratégia de circular, conhecer e confabular. Começo a dar uma circulada e já consigo ver alguns rostos conhecidos, gente da faculdade, amigos de amigos. Me aproximo do bar pra pegar uma bebida de verdade e encontro o professor Oliveira, um querido que me auxiliou durante meu projeto de TCC.

-Ana Rita, querida, que bom te encontrar por aqui!

-Nossa professor – Falo surpresa – realmente muito bom te encontrar. Não o esperava numa festa como essa.

-Ah esses alunos, sempre me considerando mais velho do que realmente sou.

Rio do seu bom humor e completo – não mesmo, professor, o senhor é mais jovem do que muitos aqui, realmente minha observação foi equivocada.

-Não se preocupe, minha querida, você está certa, não estou aqui por muita vontade, estava numa reunião com o meu sobrinho e ele se lembrou de última hora que tinha de comparecer a essa inauguração, não sei exatamente o porquê. E acabei sendo convencido por ele a acompanhá-lo. Ah, aqui está ele! Carlos, quero que você conheça uma ex aluna.

Me viro para cumprimentar o sobrinho do professor Oliveira e percebo que o sobrenome não era coincidência.

NO CHÃO!

Dou de cara com o juiz delegato me encarando com uma expressão que nem em mil anos de estudo em Kinésica eu conseguiria decifrar.

-Boa noite, Srta Ribeiro!

-Boa noite, Dr. Oliviera. Consigo falar sem minha voz falhar. E mantenho meu olhar de altivez.

-Então se conhecem? Pergunta meu professor

-Sim, ela presta consultoria econômica na força tarefa do ministério sobre a qual conversávamos mais cedo.

-Ora, ora, fico muito feliz! –Sorri para mim e se vira para o sobrinho – Se toda sua equipe for como Ana Rita os bons resultados estão garantidos.

-Infelizmente os bons resultados de um trabalho como esse não dependem apenas de recém-formados estudiosos - responde seco, sem me olhar.

O professor Oliveira já estava pronto para refutar a afirmação do sobrinho quando lhe toco o braço e tomo a palavra.

-Concordo com você – ele para meio surpreso – realmente uma força tarefa depende de muito mais do que profissionais estudiosos e dedicados, mas garanto que o que menos precisa é de egos inflados.

Percebo que fica vermelho e me fuzila com o olhar.

-Ora, ora, realmente Ana Rita está no lugar certo –comenta o professor Oliveira com um ar de satisfação – acho na verdade que vocês dois deveriam conversar um pouco mais, aproveitando esse lugar ~despretencioso~ vocês não acham?

Minha vontade de rir com o termo usado pelo professor é tanta que quase cuspo a bebida.

O Dr delegato se prepara para responder, mas o professor é mais rápido.

-Carlos, vou ao banheiro, faça companhia para a Ana Rita até eu voltar, sim? – e sai.

Ficamos os dois sem alternativa: eu não ia contrariar um professor tão querido e ele parece que respeitava o que o tio falava. Depois de alguns minutos de desconfortável silêncio ele finalmente falou.

Segundas-feiras e Outros DesastresOnde histórias criam vida. Descubra agora