Parte 1 - Capítulo 1

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Mônica não era a mais triste das meninas de sua sala. Podia ser uma das mais tímidas, mas não carregada de tristeza. Pois melancolia era algo reservado a quem não tivesse condições emocionais de lidar com seus problemas. E Mônica sempre encontrava soluções para o que quer que viesse à ocorrer. E por mais escuro que fosse e se mostrasse perigoso de uma maneira psicológica. Uma garota que conseguia viver entre vários mundos. O da realidade e o da fantasia eram apenas dois dos outros que ela tinha a facilidade de visitar quando achasse que fosse necessário. Dizia que isso combinava com sua personalidade. Uma mentalidade como de qualquer outra jovem. Ou quase isso...

Olhou para o display do smartphone e em seguida fez os olhos verdes se dirigirem em direção às cortinas que eram preguiçosamente empurradas por uma gostosa brisa matinal. A luz do Sol ainda levaria mais um quarto de hora para dar as caras. Mas Mônica tinha paixão por acordar cedo. Acostumada era desde pequenina e nada nem ninguém a faria mudar de ideia. No entanto, sempre olhava para o horário, para se certificar de que não estava adiantada ou atrasada. Não pela escola, mas pelo nascer do Sol.

Ela morava em um bairro classe média. Mais precisamente em um condomínio fechado no Rio de Janeiro. No Recreio. Os pais tinham vencido na vida e agora podiam desfrutar de um lugar maravilhoso para viver. E Mônica valorizava cada pedacinho do que os pais construíram.

A mãe era advogada. O pai, engenheiro. Passavam a maior parte do tempo fora de casa, mas sempre fizeram todo o possível para educar a filha. Não apenas em uma questão escolar, mas com a educação familiar. Não era filha única. Tinha ainda um irmão mais velho e outro caçula. Mas ela era especial por ser a única garota da casa. E uma mulher sempre tem esse ponto de chamar a atenção. Tanto da família, quanto de parentes e vizinhos. Ainda mais por ser muito bonita, com seu cabelo negro e liso. A pele branca a maior parte do ano, já que raramente gostava de usar um biquíni ou maiô e ir para a piscina. A praia não era mais como na época de seus jovens pais. Hoje a poluição marinha havia chegado a um nível onde pegar facilmente uma doença ao molhar os pés era do cotidiano. E Mônica sempre teve um quê de estar sempre em dia com sua saúde.

A menina vergava a idade dos 14 anos. Não ia demorar para logo ter a sua festa especial, onde teria o baile e todas aquelas frescuras que a maioria das jovens prefere fazer questão de ignorar, achando que é algo tolo e totalmente fora de moda.

Mas Mônica era diferente.

Não apenas por ter os pés em dois mundos. Mas por ser uma garota que estava se tornando rara. Tanto com sua responsabilidade, quanto com algo mais...

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