Parte 1 - Capítulo 6

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Não que as lembranças permeassem sua mente no café da manhã, mas uma vez ou outra, acontecia. E quando mais novinha, ficava vermelha. Mas hoje, conseguia com facilidade controlar essa ansiedade. Algo que para Mônica, era motivo de orgulho. E ficava a imaginar em como seria a relação familiar, caso soubessem o que ela sabia. A garota sempre fora especialista em guardar segredos. Tinha certeza de que só era segredo, quando uma única pessoa tinha acesso à informação. Duas simplesmente já deixava de ser algo secreto e tudo tenderia a ir água abaixo.

E não mais teria um sossegado desjejum como esse onde ela via estampada no semblante de cada um, a felicidade de estarem realizados. Até Betty, a moça que morava na favela da Rocinha, era feliz de verdade. Ganhou a oportunidade de um bom trabalho, com salário justo, e a confiança que ela precisava para mostrar que era mesmo dedicada. E graças a isso, Mônica sentia ainda mais orgulho dos pais.

O café era rápido. Apesar de tudo de bom na família, todos tinham seus afazeres muito cedo. Os pais seguiam seus caminhos, cada um usando seu próprio carro. O irmão mais velho levava Mônica na garupa da bicicleta até o colégio. Ele gostava de frisar que chegava antes que qualquer outro colega na gráfica pelo fato de não ficar preso no engarrafamento do trânsito. Os pais não optavam por meio de transporte similar, devido à distância de seus ofícios. E como não voltavam para almoçar em casa...

Depois do café, davam-se tchau e a vida seguia seu curso normal.

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