Ela devia ter uns 4 anos. Ou talvez tinha 7? Não conseguia lembrar. Mas tinha certeza de que estava indo para a sala onde seus pais assistiam a um filme. Eles eram contra as crianças verem determinadas programações. Fosse na TV aberta, a cabo ou mesmo em vídeo. Nessa época, o filho mais novo já devia estar entre eles, mas Mônica não encontrava essa resposta. E estranhava isso.
Mas lembrava perfeitamente que andou a passos curtos. Usava um tip-top rosa com bolinhas brancas e segurava um ursinho amarelo.
Os pais não perceberam que ela estava logo ali, atrás do sofá. Era uma noite fria. Algo raro no Rio. Mas era inverno. E dessa forma, eles estavam sob um pesado cobertor.
E Mônica olhava com interesse para o grande aparelho televisor, onde uma menina de cabelos brancos e lisos se ajoelhava diante de uma TV em preto e branco, onde a imagem era apenas pontos escuros e brancos em distorção. A menina de pijama azulado estava com as mãos sobre o tubo de imagem e uma voz fantasmagórica emanava dos potentes alto-falantes da sala escura.
Não dava para saber o quanto Mônica vira do filme, e os pais só perceberam sua presença, quando a filha falou que também já tinha andando no Outro Mundo.
Eles se entreolharam e logo desligaram a TV e levaram a filha para o quarto. Conversaram com ela, mas nada de especial. Ela não se mostrou assustada ou algo parecido. Apenas falara aquela frase que seus pais nem mesmo se interessaram em saber o que poderia significar. Mas com toda a certeza do mundo, para eles, fora apenas algo que ela ouvira dos personagens de Poltergeist...
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Escuridão
Ficção GeralMônica... Ela nasceu das sombras. Não compreendia quando criança, porquê via o que os outros achavam ser ficção. Ela não nascera de forma comum. Apenas pareceu ter vindo ao mundo como qualquer outro ser humano. Mas... Ela pod...