Eu e meu namorado costumávamos passar os dias chuvosos assistindo filmes em sua casa, mas hoje foi diferente. Eu acordei cedo com um frio fora do normal, eu havia esquecido a janela de meu quarto aberta. Caminhei lentamente até ela com todos os pelos de meu corpo arrepiados, com as mãos trêmulas fechei-a com a pouca força que tinha.
Não consegui dormir então fiquei no celular até dar umas 9 da manhã. Liguei para Dan, mas ele não me atendeu. Como o tempo estava ficando propício a chuva, decidi ir até sua casa andando, já que ela ficava uns dez minutos de minha casa andando, e o tempo serviria para espairecer a mente, coisa que nunca era demais fazer.---
- Droga! - grito , enquanto tento correr da chuva que já começou forte.
Eu já estava toda molhada e não aguentava mais correr, a única coisa que queria era chegar na casa de Dan e tomar um banho quente junto com ele.
Toquei a campainha, mas ninguém atendeu. Então toquei repetidas vezes, na esperança de acordar Dan, já que era só ele que estava em casa, pois seus pais trabalhavam muito e viviam viajando. Quando finalmente ouvi um movimento do outro lado da porta, percebi que havia conseguido o que queria. Dan abriu a porta de vagar, esfregando os olhos, de cueca branca, cara amaçada e cabelo bagunçado. O sono, aparentemente, havia sido bom. Logo atrás dele, uma garota apareceu com uma de suas camisetas. Ela estava toda amassada, como se estivesse acordado agora também. Não restavam dúvidas do que havia acontecido ali.
- Callie... - seus olhos arregalaram quase que instantaneamente - O que você está fazendo aqui? - ele falou gaguejando.
Eu juro que quis ficar. Quis brigar. Quis xinga-lo. Quis bater naquela garota, até aquele rosto perfeito de vadia ficasse deformado. Mas não consegui.
Eu não consegui ficar, não consegui ser forte. Corri, sem rumo, até parar em uma praça um tanto distante de sua casa. Sentei em um dos bancos e fiquei chorando, enquanto a água da chuva batia em minha pele tentando limpar as impurezas. Eu queria que a chuva limpasse todos os toques que Dan já havia me dado e que conseguisse apagar tudo da minha memória. Alguns meninos, que estavam rindo, se aproximam de mim.
- Oi, está tudo bem? - o ignorei - Meu nome é Nash. - consegui vê-lo sorrir, pelo canto dos olhos, e se sentar ao meu lado, na esperança de que sua simpatia me fizesse falar, mas eu não conseguiria, nem se quisesse.
Limpei as lágrimas, nem sequer ousei olhar para o garoto do meu lado, e fiquei sentindo cada gota de água cair de meu cabelo molhado.
- Você não vai falar comigo? - mais uma tentativa inútil de puxar assunto - Me diz o que faz sentada em um banco no meio de um temporal? - ele da mais um sorriso de canto.
- Por que você está no meio de um temporal me perguntando por quê eu estou no meio de um temporal? - o olhei com desdém, não quis ser tão grossa, mas não me arrependi, fazendo o sorriso bobo dele desaparecer por completo.
- Nossa, essa doeu, hein?! - um garoto moreno e alto se aproxima de mim.
- Eu falei que boas ações no meio da chuva não era a melhor coisa a se fazer - Disse um garoto com altura mediana. Não consegui reparar em seu rosto, pois a chuva estava começando a atrapalhar minha visão.
A chuva estava ficando muito forte, então todos, como se estivéssemos pensando igual, corremos para um ponto de ônibus que tinha cobertura.
- Vocês vão ficar me seguindo? - com a pouca paciência que me restava, digo quase que revirando os olhos.
- Não sei se você percebeu mas é o único lugar para nos proteger da chuva... - a cara dele quase que estampou um V de vingança.
- Touché! - nesse momento eu meio que desisti de discutir e sentei no banco para tentar refletir sobre o que havia acontecido.
Quando comecei a me perder em pensamentos eu escutei uma voz familiar. Dan estava chamando meu nome e eu senti que as lágrimas queriam voltar.
- Como ele me achou? - percebi tarde demais que havia pensado alto.
- O que você falou aí? - agora consegui identificar o rosto do garoto que havia falado comigo antes, ele estava torcendo uma bandana vermelha.
Quase como instantâneo abracei minhas pernas contra meu peito e senti que lutava para as lágrimas não virem à tona.
- Callie! Aí está você! Te procurei por todos os cantos. - com uma tentativa de se aproximar de mim, ele empurrou os garotos que estavam em minha frente. - Essas garotos fizerem alguma coisa com você? A gente precisa conversar, Callie - ele olhou com raiva para os meninos, como se quem houvesse me magoado fossem eles e não o próprio Dan.
- A gente não tem o que conversar. - com um impulso levantei disposta a sair debaixo do ponto de ônibus e pegar mais chuva, só para ficar longe dele.
Senti uma mão pegar meu braço pela parte de trás e apertar com força, depois me puxou para si.
- Vamos conversar sim! Você não vai jogar mais de um ano de namoro fora, por um mal entendido. - ele continuava me segurando firme, quase que me machucando.
- Não toca em mim! - puxei meu braço com força me soltando. - Nunca mais!
- Oh cara, vai com calma - O garoto moreno e alto colocou sua mão no ombro de Dan e quase foi gentil, porém Dan não aceitou a gentileza e o empurrou com força, o que o fez cambalear até o menino dos olhos claros, que o segurou.
Num piscar de olhos o moreno retomou o equilíbrio e partiu para cima de Dan, acertando um soco em cheio em seu rosto. Dan deu dois passos para trás e tropeçou em mim. O pisão que levei no pé doeu, mas eu não o segurei, queria que ele caísse no chão e se machucasse. Ele limpou o sangue que saia do canto de sua boca e sorriu sarcasticamente, enquanto os meninos seguravam o moreno para que ele não avançasse novamente.
- Quer saber... - ele levantou suas mãos ao alto - ... Eu não vou brigar por uma vadiazinha como você! - olhou nos meus olhos, o que me fez querer desabar - Eu transei mesmo com ela e não foi a primeira vez. - ele caminhou até o moreno que estava sendo segurado pelos garotos. - Faça bom proveito, ela chupa bem. - antes de sair, Dan fez questão de olhar nos meus olhos mais uma vez e rir. Ele riu da minha cara, como se eu não tivesse significado nada em sua vida.
Nós ficamos parados por segundos, mas pareceram séculos. Eu estava constrangida mais do que com raiva, depois do que o Dan havia falado. Ele me destruiu com palavras, o que foi pior do que a traição. O garoto dos olhos claros veio falar comigo, para quebrar aquele clima horrível que tinha de instalado embaixo do ponto de ônibus:
- Eu sei que isso vai parecer estranho, mas está afim de sair para beber com nós? Você parece precisar de uma bebida...
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À noite do jogo
Fiksi RemajaQuem diria que a sua vida faria sentido a partir de um jogo? A vida de Callie parecia ter sido arruinada por um garoto, agora é vista de um novo ângulo. Perceber que você talvez não seja tão vítima assim acaba mexendo com seu psicológico, e agora a...