Na sala onde estávamos, tinha um sofá grande, de canto, de couro branco. O Jack e Cam estavam atirados no sofá, jogando vídeo game, na televisão gigantesca grudada na parede. Os meninos já haviam trocado de roupa, estavam todos de roupa de ficar em casa, suspeitei que fossem de Jack, já que o moletom que Cam estava usando estava curto nas mangas.
No chão tinha um tapete colorido, que dava o ar de preenchido a pequena sala, que não continha nada mais do que o sofá, dois puffs, a televisão e um balcão pequeno para apoiar o vídeo game, logo abaixo da TV. As janelas eram grandes, o que deveria deixar a sala linda em dias de sol. As cortinas claras deixavam a pequena sala ainda mais viva. Aquele cômodo da casa era muito acolhedor.
Pude notar que nos pés do sofá estavam algumas latas de cerveja. Assim que Nash se atirou em um puff verde limão, Cam, quase que no automático, lançou uma lata para ele, que a pegou com facilidade. Se fosse eu, já imaginei a lata caindo no chão, estourando e fazendo a maior sujeira, ou pior, batendo na minha cara e fazendo meu nariz sangrar.
Soltei uma risada para mim do meu pensamento. Vi Nash dar um toque leve em Taylor, para indicar que ele levantasse do puff que ele estava e sentasse no sofá, para me dar lugar. Ele me olhou com olhar azedo, e eu desviei o olhar, não quis que ele levasse minha encarada como um desafio.
- Você quer uma? - Nash ofereceu a cerveja em sua mão.
- Não, obrigada! - me sentei ao seu lado.
Aquele puff era enormemente confortável. Ele moldou meu corpo de tal forma, que suspeitei não conseguir levantar jamais, ja que ele parecia estar me engolindo, cada vez mais.
- Callie seu nome, certo? - Taylor começou a puxar assunto.
- Sim!
- O que você faz da vida, Callie? - deu ênfase em meu nome, mas não entendi o motivo.
- Além de ser corna? - brinquei e todos caíram na risada.
Antes que ele pudesse fazer outra pergunta, o barulho da porta da frente abrindo, o interrompeu.
Todos pararam, sem perceber, o que estavam fazendo, esperando ver quem chegou. Então um menino de cabelos castanhos, bem alto - ou talvez não tão alto, eu estava sentada, posso não ter tido tanta noção - apareceu na porta com uma sacolas na mão todo embaralhado.
- Trouxe tudo que pediram, menos aquele negocio que você pediu Nash, eu não conseguia nem pronunciar o nome... - ele se assustou quando bateu os olhos em mim - Uma garota?
- Sim, uma garota! - Taylor respondeu o óbvio.
- Qual é? Achei que ia ser o dia dos meninos! - ele pareceu triste e nervoso.
- Você percebeu o quanto isso soou gay? - Jack ergueu uma das sobrancelhas e todos riram, menos o menino das sacolas.
- Relaxa Jack, teremos outros dias para fazer o "dia das bolas" - Cam brincou.
- Isso sim foi gay. - Taylor começou a gargalhar.
Aparentemente o menino das sacolas não estava achando engraçado, o que fez perder a graça para mim.
- Meninos, sério, sem problemas, eu vou para casa, tem varias coisa para fazer e... - comecei a inventar uma desculpa.
- Não Callie, te prometemos uma bebida, então você fica e bebe com nós! - Nash me impediu de bolar minha desculpa.
- Eu não prometi nada... - Taylor falou baixo, mas foi baixo o suficiente para somente eu ouvir.
- Eu não quero atrapalhar, seja lá o que vocês planejaram... - fiquei sem jeito.
- Pode ficar, é só minha namorada não ficar sabendo, e eu não sou um cara morto! - o garoto das sacolas, que aparentemente tinha o mesmo nome do dono da casa, finalmente esboçou um sorriso brincalhão e entrou na sala, largando todas as sacolas em cima do Jack e Cam.
- Você vai ter que sair daí... - ele franziu a testa - Esse é meu lugar, sente lá do lado do Cam! - ele apontou para a ponta do sofá, um espaço pequeno, onde ele não entraria nem se quisesse.
- Ok! - levantei do puff e fui sentar do lado de Cam.
Esperei que ele falasse alguma coisa para mim, mas ele nem sequer me olhou. Em compensação, Nash estava me devorando com os olhos. Ele me olhava tanto que me dava um pouco de vergonha às vezes e sentia minhas bochechas corarem.
---Já estávamos em silêncio a pelo menos 20 minutos. Bom, eu estava em silêncio. Os meninos estavam conversando sobre diversas coisas que eu não me encaixava.
Já estava ficando chato e constrangedor minha presença ali, eu estava completamente excluída e a chuva tinha voltado, para me ajudar a não conseguir voltar para casa.
- Onde fica o banheiro? - precisava sair de la, não aguentava mais ficar ali.
- Terceira porta à direita, antes da cozinha! - Jack, dono da casa, respondeu, com os olhos ainda fixos na televisão.
Levantei rápido e passei por eles mais rápido ainda, para não atrapalhar o jogo. Nash me seguiu com os olhos até chegar na porta de saída, então o perdi do campo de visão, assim como os outros.
Fui para o banheiro e analisei minha situação no espelho. Meu cabelo estava uma bagunça. Secou naturalmente depois de tomar chuva, então ficou meio enrolado, meio liso, meio nada. Fiz um coque firme, para conseguir lavar meu rosto, senti que necessitava fazer isso.
Admitirei minha imagem e me perguntei como pude ser tão burra. Como pude confiar em uma pessoa por quase dois anos? Ele nem sequer sabe que iríamos fazer dois anos já. Ele me traiu. E como bem disse, me trai a muito tempo, como a mesma menina ou até mesmo com mais. Quantos amigos nossos devem saber e rir da minha cara pelas minhas costas? Ele me humilhou para um bando de garotos que nem conhece, imagina o que fala para os amigos? Eu preciso parar de pensar nele! Eu preciso excluí-lo da minha vida.
Um movimento me chamou a atenção e vi Cam passar pela porta do banheiro, que deixei aberta, em direção à cozinha. Na mesma hora, percebi que era minha chance de pedir desculpas.
Sai do banheiro e o segui. Ele estava pegando mais cerveja na geladeira quando me viu se aproximar. Me apoiei na bancada americana, no centro na cozinha, tentando caçar as palavras certas, que pareciam não aparecer.
Ele me encarou e arqueou uma de suas sobrancelhas, como um sinal de que eu podia falar.
- Ok, me desculpa! - falei de uma vez.
- Pelo que, exatamente? - ele quis mais.
- Por ser uma completa idiota! - bufei - Eu não quis falar daquele jeito, não quis ser grossa, mas não estou com clima, nem cabeça para falar naquele assunto. Você começou a falar o que eu sei que todos meus amigos iram me falar, quando souberem que terminamos. "Ele não te merece...", eu não suporto ouvir isso! - explodi.
- Tudo bem.
- Tudo bem? - não entendi.
- Eu te desculpo. - ele sorriu.
Menos uma preocupação. Eu nem sei porque estava preocupada com o fato de Cam estar magoado comigo, eu nem conheço ele.
- Ok! - sorri de volta.
- Você quer? - ele ofereceu a cerveja em sua mão.
- Acho que sim... - me rendi, não queria beber com eles porque parte do meu subconsciente estava me dizendo que aquilo podia ser perigoso.
- Pega! - ele atirou a lata e por segundos o pensamento da minha cara sangrando voltou, mas por um milagre, consegui pegar a lata sem passar vergonha.
Depois de dar um longo gole na cerveja, percebi que meus ombros estavam tensos, então relaxei.
- Uau, você estava precisando disso... - Cam começou a se aproximar de mim e se apoiou do meu lado.
- Acho que estava! - dei mais um longo gole na cerveja.
- Vem, vamos voltar para lá...
- Acho melhor eu ir para casa.
- Você me disse que não quer pensar no que aconteceu, vai ir para casa para fazer exatamente o que disse que não quer fazer? - zombou.
- Você tem razão, mas me sinto meio deslocada... - falei a verdade.
- Quer saber... - Cam pareceu pensativo - Vem! - pegou em meu braço e me puxou em direção a sala em que os meninos estavam - Já sei o que vamos fazer para te fazer esquecer aquele babaca!
- Calma Cam, como assim? - quando percebi já estávamos dentro da sala e os meninos estavam nos encarando.
- Vocês parecem felizinhos! - Taylor foi o primeiro a comentar.
- E estamos! - Cam apontou para ele - Seguinte, iremos brincar! - o sorriso de orelha a orelha estava estampado na sua cara.
- Brincar? - Jack das sacolas pareceu confuso - De que? Mamãe e papai? Porque se for, eu topo! Sou o primeiro.
Fingi não entender a piada enquanto todos deram risada.
- Cala a boca, Jack! - o Jack dono da casa se manifestou - Você me decepciona, cada vez que abre a boca.
- Explica logo, Cam... - Nash mostrou impaciência.
- Se me permitem... Brincadeiras com bebida! Qualquer brincadeira. Nos divertimos, enquanto Callie esquece o babaca. O que acham?
- Por mim tudo bem... - foi quase unânime a decisão, a não ser por Nash e Taylor, que ficaram quietos.
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À noite do jogo
Fiksi RemajaQuem diria que a sua vida faria sentido a partir de um jogo? A vida de Callie parecia ter sido arruinada por um garoto, agora é vista de um novo ângulo. Perceber que você talvez não seja tão vítima assim acaba mexendo com seu psicológico, e agora a...