8º Capítulo

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Eu já estava ficando cheia com as indiretas da Madison. Ela estava torrando minha paciência e levando junto minha vontade de estar ali. O jogo estava praticamente ganho para nosso time, faltava apenas um copo do outro time para acertar, enquanto faltava quatro do nosso lado, para eles acertarem.
Taylor estava nervoso por estar perdendo. Enquanto Cam e Nash estava rindo, parecendo não ligar para o jogo. E Barb, a menina perfeita, pulava nos braços de Cam, independente do momento e da comemoração.
Ela pulava quando acertava, pulava quando errava, pulava quando os outros acertavam, pulava quando os outros erravam. Cheguei a pensar que ela estava em um trampolim, pois era a única explicação lógica para todos aqueles pulos. No meio de toda aquela comemoração, só faltava ela beijar Cam, pois atirada ela já estava.
Mas eu não deveria estar ligando para aquilo, eu deveria estar comemorando por estar ganhando o jogo. Era minha vez de jogar.
Peguei a bolinha e me esforcei para mirar, pois a bebida já estava embaçando minha visão e precisei ajustar mentalmente o foco dos meus olhos. Joguei, depois de perceber que estava demorando muito, e acertei em cheio.
Não pensei em nada, só pulei nos braços de Jack G, que estava de boca aberta, como se não acreditasse que eu tivesse acertado aquilo. Ele me abraçou e comemoramos juntos, a nossa vitória, já que Madison não havia feito nada, além de reclamar e a olho de peixe fez menos que isso.
Eu só percebi que estava abraçando Jack e que aquilo não era uma coisa normal, quando os olhos de Madison fuzilaram os meus. Por segundos pensei ver raios saindo deles.
- Conseguimos! - soltei Jack G - Ganhamos! - eu ainda estava com o sorriso estampado, mas minhas bochechas coraram, senti um arrepio com o abraço de Jack G e vergonha por aquilo, ele namorava e eu tinha que me por no meu lugar.
- Você é demais, garota! - ele ergueu a mão para eu dar um toque e eu retribui.
- Você também jogou bem...  Aliás, nosso time é o melhor! - tentei desviar do olhar de Jack, e incluir todo mundo na vitória, mesmo elas não merecendo.
- Vocês sabem que foi sorte, né? - Taylor estava bufando.
- Aceita, perdedor, você é péssimo nesse jogo! - Jack G estava rindo, mas foi abraçar Taylor, para zomba-lo, mas ele o empurrou e recusou o abraço.
- Não toca em mim não, cara! - Taylor brincou, enquanto empurrava Jack G.
Estávamos todos rindo e descontraindo. Até que uma orquestra de barrigas roncando tomou conta da sala e foi mais alta que nossas risadas.
- Acho que estou com fome! - Cam foi  o primeiro a se pronunciar.
- Nossa, ninguém havia notado... - brinquei.
- Não comemos nada, desde o café da manhã... - Taylor nos lembrou.
Apesar de eu não ter tomado café da manhã com eles, essa havia, também, sido minha última é única refeição do dia. Já estava beirando as cinco da tarde e nenhum de nós havia sentido o cheiro de nada, além de álcool.
- Acho que deveríamos pedir uma pizza! - Nash sugeriu.
A concordância foi unânime. Todos seguiram em caminha para a cozinha, enquanto Jack G foi acordar Jack J. O trabalho foi em equipe para tentar achar um panfleto de pizzaria. A parte mais difícil, era decidir o sabor, eu não quis me envolver, então falei que iria tentar ligar para minha mãe, e sai.
Estava na varanda da frente da casa, sentada em um banco que era uma miniatura de balanço, ele aparentemente era desconfortável, mas foi delicioso ficar sentada ali, com a brisa da chuva, que ainda não havia passado.
Tentei ligar para minha mãe, mas ela não atendeu, na segunda tentativa, ela desligou a chamada. Na quarta vez que liguei, o celular dela já estava desligado. Tentei em casa, mas ela havia desligado o telefone também. Uma pontada de culpa e preocupação me dominaram. Minha mãe deveria estar passando por mais uma crise, e certamente estava bêbada demais para ouvir um de meus sermões.
Eu já ia começar a chorar, pensando no quanto minha mãe havia se destruído por culpa de meu pai, mas a porta de entrada da casa se abriu, e eu senti um calafrio imenso.
Cam saiu da casa, segurando um casaco nas mãos e com um sorriso travesso no rosto.
- Achei que sentiria frio, então trouxe - ele ergueu o casaco e chacoalhou - para te esquentar!
- Obrigada! - agradeci, enquanto ele colocava o casaco em meus ombros e sentava ao meu lado.
- Você não me parece muito bem... Quer falar sobre isso? - foi atencioso, enquanto me puxava para um abraço.
- É complicado...
- Vamos lá... Nada do que você disser irá me surpreender mais do que sua vitória no bier pong! - brincou e conseguiu arrancar um sorriso meu.
- É a minha mãe... Estou preocupada com ela! - desabafei.
-  O que te deixa preocupada? - ele pareceu realmente interessado.
- Ela não está atendendo o celular, nem o telefone de casa... Isso me preocupa...
- Ela deve estar dormindo, ou saiu com as amigas! - ele sugeriu, sorrindo.
Havia esquecido que só comentei com o Jack G sobre minha mãe, e sua depressão profunda. Não teria como Cam entender o nível da minha preocupação.
- É... Você tem razão! - forcei um sorriso.
Me virei para encará-lo, e agradecer pela força. Quando virei para ele, seu olhar estava praticamente me hipnotizando. Ele avançou o sinal vermelho, a placa gigante na minha testa escrito em letras maiúsculas "NÃO FAÇA ISSO" e me beijou.
Foi diferente do beijo com o Nash. Eu o afastei na mesma hora, antes mesmo dele conseguir lançar sua língua pela minha boca e fazermos uma dança só nossa com nossos corpos. Eu não conseguia nem olhar para sua cara. Eu estava envergonhada e me sentindo invadida.
- Desculpa... - foi a única coisa que ele conseguiu pronunciar antes de eu interrompê-lo.
- Não... - ergui a mão para incentiva-lo a parar de falar e a outra mão eu levei a boca, tocando de leve, não acreditando no que havia acontecido.
Parte do fato de ter impedido Cam de terminar aquele beijo, era ele ter dado em cima de Barb na minha frente, o jogo todo. E meu beijo com Nash também me impedia de fazer aquilo. E também tem Dan, que depois de quase 2 anos, havíamos terminado a algumas horas e ainda estava entalado na minha garganta. Ou seja, tudo me impedia de beijar Cam naquele momento.
- Cam... - levantei e devolvi o seu casaco - Vamos esquecer isso...
Agora, mas do que antes, eu queria ir para casa. Queria sumir de lá.
O toque do telefone de Cam chamou minha atenção e o impediu de me responder, o que era bom.
- Espera, não vai! - ele segurou minha mão, para me impedir de sair. Puxou o celular do bolso e sorriu ao ver quem ligava - Eai cara, que saudades, como você está?
Na tela do celular, estava estampado o rosto de um garoto loiro e super branco, com algumas pintas na cara. Ele estava fazendo uma careta estranha, o que me deu vontade de rir.
- Fala, Cam! - ele respondeu - Onde você está?
Um garoto com os cabelos escuros, mas também muito branco, empurrou o garoto loiro com a cabeça e se enfiou na câmera.
- Cam, me resgata, não suporto mais um segundo do lado do Matt! - ele fez uma careta de dor e implorou.
- Aaron! - Cam pareceu surpreso - Vocês não estavam acampando?
- Era para estarmos acampando... Com licença Aaron! - o garoto loiro, vulgo Matt, empurrou Aaron e se recompôs em frente à câmera - Mas essa chuva estragou todos os planos. Tivemos que desmontar tudo e voltar mais cedo.
- Que bosta, hein?! - Cam fez cara de triste pelos amigos.
- Mas então... Onde você está? Está com os meninos? Ninguém atende o celular... Quando ver vocês, vou enfiar o celular no buraco ana...
- Olha a boca, Matt! - Cam o repreendeu - Temos uma dama entre nós.
- Aaron é meio feminino, mas não pode ser considerado uma dama, convenhamos.... - falou com desdém.
- Não me referi ao Aaron! - Cam virou a câmera para mim, quando vi meu reflexo no canto inferior da tela, vi que estava sorrindo, por causa de toda aquela conversa, e esqueci por segundos tudo que aconteceu com Cam.
Fiz um pequeno aceno, para indicar que estava vendo e ouvindo tudo que eles fizeram e falaram.
- Como você fez isso comigo? - Matt estava indignado - Me fez passar vergonha na frente de uma princesa! - agora ele estava irado - Moça, eu juro que não sou assim...
- Tudo bem! - dei risada.
- Não queremos te atrapalhar Cam, só nos diga onde estão todos e desligaremos! - Aaron pareceu envergonhado.
- Não estávamos fazendo nada! - me pronunciei primeiro.
- Claro que não estava, todo mundo resiste ao charme de Cameron! - Matt brincou e soltou a risada mais engraçada que eu já ouvira na vida. 
- Calem a boca, os dois, vocês não cansam de falar merda? - Cam estava fingindo estar brabo.
Os dois estavam rindo demais para prestar atenção em Cam.
- Os meninos estão comigo, o que vocês querem? - ele mudou de assunto, pois percebeu que eu estava ficando constrangida.
- Quero a paz mundial e uma bela dama para chamar de minha mulher, mas por enquanto, me contento em contemplar a amizade com vocês. - Matt brincou.
- Nós estamos no JJ, colem os dois para cá! - Cam deu uma estremecida e vi os pelos de sua nuca arrepiarem.
- Chegamos aí em vinte minutos! - Aaron anunciou.
- Passem no mercado, tragam bebida e algo para comermos! - Cam falou, antes que eles pudessem desligar a chamada.
- Em uma hora estaremos aí! - depois de falar, Matt desligou a chamada.
Cam olhou para mim com uma cara de preocupação.
- Desculpe por isso... Eles não costumam ser tão bestas... Mentira, eles são bestas, mas não tem como não gostar deles.
- Sem problemas! - me virei para voltar para casa, mas ele me impediu de sair de perto dele, de novo.
- Me desculpe por aquilo, de novo... - ele pareceu arrependido - Não quis forçar nada, só que...
- Esquece isso! - interrompi - Vamos lá avisar os outros que eles estão vindo...

À noite do jogoOnde histórias criam vida. Descubra agora