Diga meu nome

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— Alô, Willian?

— Até que enfim ligou... — Willian respondeu do outro lado da linha com tom de alívio. — Você não deu notícia. O contato, aquela mulher idiota que você levou, me ligou dizendo que estava morto; que eles tinham te apagado cara. Vamos, me diga o que aconteceu na entrega! — Willian estava muito nervoso e preocupado, decidi não falar por telefone, queria manter controle da conversa e saber se eu podia confiar nele, ou não.

— Willian, não quero conversar por telefone, vamos nos encontrar... onde você está? — Perguntei de maneira calma, não queria transparecer meu estado real.

— Estou no banco, vou te esperar naquela bar que fica aqui perto. — E mais essa agora... que banco? Que bar? Não sabia direito nem onde eu estava; como eu poderia perguntar sobre coisas óbvias assim? Não dava pra me arriscar, ele poderia ser como o Philipe e estava associado comigo apenas por interesse momentâneo, contudo precisava descobrir o que havia acontecido comigo. Mantive um tom de decisão tomada e sugeri outro lugar.

— Não posso ir agora até você. — Olhei ao meu redor e indiquei o local onde eu estava. — Tem uma praça próximo a Farmácia Xpress, conhece?

— Sim conheço. — Respondeu com desânimo.

— Tem uma cafeteria bem discreta em frente a praça, vai ser melhor para conversar. Te espero aqui. — falei com tom autoritário para que ele não discordasse.

— Certo, ligue para o seu primeiro contato, aquela mulher pensa que você está morto e pode acabar fazendo besteira.

— Preciso que você faça isso por mim. E quando falar com ela não diga que eu estou vivo, só peça para vir. — Não queria assustar ainda mais a mulher, mas precisava que ela me contasse tudo que havia acontecido na entrega. Se ela estava lá poderia esclarecer muita coisa.

— Se você acha melhor assim, ligarei. Você está estranho demais... tá fora do normal, aconteceu alguma coisa?

— Não, está tudo bem, só preciso que faça isso,ok?

— Sim, vou ligar pra ela mesmo sem saber o porque disso tudo; só não me meta em mais problemas. Qual é mesmo o nome da infeliz... Ema, não é?

Willian parecia um pouco desconfiado com as minhas ações. Eu deveria ficar bem esperto com ele.

Eu tenho que desligar agora, chegarei em uns vinte minutos.

Desliguei o celular e dei mais uma olhada ao meu redor; o local que estava parado era muito exposto. Dirigi mais um pouco e estacionei o carro na rua lateral da farmácia, pensei em aproveitar o tempo que tinha antes que Willian chegasse para comprar curativos na farmácia para o corte na minha mão.

Passei os dedos levemente em cima do ferimento e assustado fiquei. Pensei que a loucura estava me consumindo, o que eu vi naquele momento só poderia ser uma alucinação. Há poucas horas antes o corte era profundo e sangrava mas quando o procurei nada restava. Nem um arranhão ou dor, nem mesmo uma cicatriz. Foi tudo tão confuso e algo assim não deveria acontecer. Esse dia estava cada vez mais louco e perigoso.

Desci do carro, atravessei a rua e fui em direção a cafeteria. Escolhi uma mesa com uma visão privilegiada das duas ruas que davam acessos à praça onde eu estava. Ainda abalado com a situação do meu ferimento inexistente, aproximou-se uma bela garçonete loira, de média estatura e com um largo sorriso que interrompeu meus pensamentos.

— O de sempre senhor? — Então com um sorriso de canto de boca e um balançar de cabeça assenti. — Já já voltarei com seu pedido.

Inimigos Em Primeiro GrauOnde histórias criam vida. Descubra agora