Por favor!

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Vinícius segura forte minha cintura contra a parede e mais lágrimas percorrem meu rosto.

- Me desculpa. - diz ele, tentando se conter.

- Eu preciso disto, eu preciso me livrar desse medo que está tomando conta de mim! Por favor! Eu preciso sentir a essência do amor por mais intragável que seja para mim - digo, falando mais alto que o normal por causa do forte barulho da chuva.

Ele me pega no colo e me coloca na cama, me beijando cada vez mais. E então tira a minha blusa e começo a suar pelo calor da lareira. Para por um instante para tirar sua roupa e me ajuda a tirar a minha; vejo seu olhar. Apaixonado. A cada toque, a sensação é indescritível. Meu Deus, como o amor pode ser assim? Causar dor mas me trazer a esperança de que a minha cura está no seu interior.

- Eu te amo, Franciny. - diz, passando a mão sobre meu cabelo e levando a ponta do seu dedo até a superfície macia do meu lábio inferior.

Sobre meu corpo, volta a me beijar, retribuo com cafunés e beijos no pescoço. Começa a passar a mão pelo meu corpo, me lembro de cada toque do meu pai. Choro baixinho.
Vinícius para e me olha bem fundo nos meus olhos.

- Calma, eu posso parar se você quiser. Eu não quero jamais que faça algo contra a sua vontade, apenas para o meu agrado - diz ele com pena de mim e quase chorando.

- Não! Por favor, me desculpa. Você é diferente, ter seu corpo contra o meu me faz sentir segura e protegida! Por favor! Eu preciso que o meu vazio seja preenchido, antes que a tristeza obscura tome conta do que ainda me resta - digo e ele volta a me beijar suavemente, secando as minhas lágrimas com seus seus lábios quentes.

Vinicius explora os meus seios, descendo até a minha região íntima. Sinto sua língua deslizando em mim. Áspera mas ao mesmo tempo tão macia. A sensação me faz revirar os olhos. Volta até mim, parando com os olhos direcionados a minha boca.

- Quer mesmo isso? - pergunta.

- Preciso de forças para sentir o que foi roubado de mim - digo.

E ao ouvir minha última palavra me penetra me fazendo gemer baixinho e a suar mais. Nossos corpos em sincronia. Tão ligados.
A energia imperceptível e abstrata paira sobre nós. Tão imaterial mas, tão palpável. Em harmonia, o ritmo se forma e a música se origina. No ápice do prazer, ele para, me dá um beijo de satisfação e me envolvo junto ao corpo dele. Adormecemos ao som da chuva e ao calor de nossos corpos...

No dia seguinte, abro os olhos e vejo que está nublado prestes a chover de novo. Pelo visto, o inverno chegou. Olho para o lado e vejo que Vinícius não está ali, me enrolo na fronha da cama e sigo para o banheiro. Tomo um banho. Faço uma breve reflexão da noite passada. Mágica. No meio de tanta dor, meu pai desapareceu da minha mente naquela noite. Quem dera que o próprio não retornasse aos meus pensamentos. Saio do chuveiro e escovo os dentes, me visto, ponho uma calça jeans e um moletom roxo e grande, do Vinícius por sinal, arrumo o cabelo e sigo até a cozinha. Encontro o Vinícius arrumando a mesa junto com uma moça que presumo ser a empregada. Assim que me vê, se aproxima rápido de mim.

- Dormiu bem? - pergunta, me dando um beijo.

- Melhor impossível. - digo com um olhar malicioso. Ele ri.
Quero melhorar o meu senso de humor, não quero me abater.

- Quem é você, e o que fez com a Franciny? - diz ele, me fazendo rir.

- Tomei um veneno... Chamado Vinicius. Que sortilégio. - digo.

- Venha senhorita engraçadinha, vamos tomar café. - diz ele.

- Fran, essa é a Márcia, minha segunda mãe. - diz Vinícius, sentando-se à mesa.

- Olá, prazer em lhe conhecer - digo, sempre toda tímida. Tenho uma dificuldade terrível em conversar de primeira com alguém.

- O prazer é meu, senhorita Limer. A propósito, obrigada, Vinícius nunca esteve tão feliz como hoje. É bom ver ele assim. - diz ela, e fico um pouco vermelha.

- Bom, se me permitem tenho que continuar meu serviço, aproveitem o café. Qualquer coisa, é só me chamar - diz ela nos deixando a sós.

Enquanto comemos panquecas com morangos, e café, que por sinal está delicioso, Vinícius fala:

- Vou denunciar seu pai.

- O quê? Como assim? - falo assustada, sinto o medo voltar ao meu corpo.

- Vou fazer isso sim, Franciny. Ele te molestou e vai ficar assim? Nem pensar. - diz ele, exaltado.

- Por favor, não fique me lembrando. A noite de ontem me fez esquecer um pouco... Tudo bem, eu entendo seu lado, mas calma, dê um tempo pra ele pensar no que fez. - retruco.

- Você quis dizer dar um tempo pra ele fugir, isso sim! Dou dois dias pra ele e deu. Só isso. E não tocamos mais no assunto, e nem me venha com esse beiço, e muito menos com sua cara de santa, não me convenço. Pra começo de conversa, eu já deveria ter denunciado ele, mas respeito o que você está sentindo - diz ele.

- Ai, Vinícius! - falo, fazendo beiço.

Começamos a rir, até que Vinícius fala:
- A propósito, você tem que ir pra escola.

- Eu? Cadê você nessa história? - pergunto.

- Se esqueceu? Eu já passei do ensino médio, só estava indo pra te fazer companhia. Até porque ninguém mandou você ir mal em inglês. - diz ele, e reviro os olhos.

- Droga, já tinha me esquecido da escola. - digo.

- Nem pensar mocinha, pegue suas coisas, você vai pra escola. Espero no carro. - diz, indo até a garagem enquanto pego minha mochila no quarto.

A Profundidade Do SilêncioOnde histórias criam vida. Descubra agora