Então me abraça

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Entro no carro e pego o celular enquanto vamos pra escola. Começa a chover e Vinícius reclama:
- Que droga, tinha mandado lavar meu carro!

Não dou muita importância e quando o celular liga, vejo mensagens da Lisa que está online, aproveito pra mandar uma mensagem:

"Sua teoria estava certa."

Ela visualiza na hora e escreve:

"Meu Deus, o que você fez, senhorita? Me diga que transou com o Vinícius!"

Visualizo, dando uma risada.

"Acho que sim..."
digito.

"Sabia que não ia aguentar por muito tempo. Shippo muito! A propósito, está melhor depois disto?"
pergunta.

"Um pouco, Vinícius me faz eu me
sentir segura. Ele quer denunciar meu pai por ter me molestado "
digito.

"Bem que ele faz!! Dou todo o apoio a ele. Agora vou indo pra escola, te vejo lá."
escreve ela, rapidamente.

Saio das mensagens e vejo milhares de ligações do meu pai. Vinícius me olha de canto, pega o meu celular assim que para o carro no estacionamento da escola.

- Vou bloquear esse filho da mãe. Já chega, vou printar essas ligações e suas antigas conversas com ele. Vou ir na delegacia hoje. - diz ele, exaltado.

Tento pegar o celular, mas não consigo.

- Seu celular fica comigo agora - diz ele.

- O quê? Vinicius, eu paguei caro nesse celular pra você ficar com ele?! Me devolva!! E você me prometeu um tempo, vai deixar de cumprir a sua palavra perante a mim? - digo, brava.

- Essa porcaria? Pagou quanto?
R$ 200,00? Se quiser lhe dou um novo. E sim, eu te dei o seu tempo. Já chega, isso não vai ficar assim. Ele fez o que um homem, um pai, jamais deve fazer a uma mulher. - diz, com ar de deboche.

- Cala a boca, Vinícius, só porque você tem dinheiro não significa que você é eminente a alguém! E isso não te dá o direito de me humilhar. E não se esqueça, eu não sou rica, o que eu tenho batalhei pra ter trabalhando 12 horas seguidas servindo café na porra de uma cafeteria. E eu entendo o seu ódio pelo desgraçado do meu pai, mas quem tem a obrigação de o denunciar, propriamente dito, sou eu. - digo furiosa.

- Me desculpa, Fran, isso é para o seu bem. Vai que ele rastreia seu celular. E eu sinto muito se acabei falando mais do que eu deveria. Mas, não posso mais suportar ter consciência do que ele fez a você, e simplesmente ele se sair impune. Eu quero te proteger - diz ele, arrependido.

E então me dá um beijo que faz meu coração mole se derreter.

- Você tem que parar de tentar me comprar com um beijo! E eu prometo que vou com você na delegacia denunciar ele, só preciso de mais um tempo. - digo, saindo furiosa do carro.

Dou de cara com Lisa que fala, ofegante:

- Desculpa, vim correndo com medo de chegar atrasada.

Dou um abraço forte nela, e Vinícius também. Corremos até a entrada para escapar da chuva e assim que chegamos bate o sinal.

- Vai ficar na aula comigo? - pergunto.

- Hoje sim.

Vinícius pega na minha mão e fico espantada.
Andando nos corredores algumas meninas ficam me olhando e falando:

- Como que ele está com ela? Olha pra ele... alto, musculoso, olhos azuis e cabelos castanhos. Como pode ficar com essa qualquer? Realmente não entendo o ser humano.

Ele escuta, e segura mais forte a minha mão, fazendo eu me sentir especial. Entramos na sala e sentamos os três, um próximo do outro. Primeira aula, inglês. Realmente não tenho nada contra a matéria, mas já com a professora... Ela é o tipo de pessoa que não se sente confortável com a própria vida, algo que eu tenho sentido na minha própria pele. Mas de qualquer forma, diferente da professora Mari, eu não dedico a minha vida em atazanar os outros. Ela passa pela porta, dizendo:

- Fiquei sabendo que temos um novo casal. Franciny e Vinícius! Meus não parabéns. Acabam de destruir suas vidas. O amor é tão catastrófico. Mas já que não tenho como impedir. Boa sorte!

De qualquer forma, acabo rindo do comentário desnecessário da professora. Concordo que o amor é catastrófico. As metamorfoses podem sim vir de uma catástrofe.

Vinícius agradece e segura minha perna pra eu não levantar e xingar aquela mulher. Todos ficam olhando para nós. E ela acrescenta:

- A propósito, senhorita Limer, devo lhe parabenizar. Fostes maravilhosamente bem na prova. Quem sabe esse ano você não reprove.

- Obrigada professora. Estou dando o meu melhor esse ano - digo, e ela se vira para o quadro iniciando a aula.

Fiquei razoavelmente feliz por saber que tive um bom desempenho, apesar dos infortúnios da minha vida.
Abrindo meu caderno, a secretária aparece:

- Senhorita Limer? - diz ela, parada na porta da sala.

- Sim? - respondo.

- A diretora lhe espera na sala dela - ela completa indo em direção a outra sala.

A Profundidade Do SilêncioOnde histórias criam vida. Descubra agora