PREPARADOS?

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- Só estou cansada de tudo isso. É muita coisa para um dia só. - digo nervosa.

O policial que me interrogou, se aproxima de nós e fala:

- Bom, acho que temos o que precisávamos. Não se preocupem, a polícia já está atrás do seu pai, e assim que o encontrarmos tomaremos as medidas necessárias, o que levará a audiência. Sugiro que consigam um advogado e eu irei conseguir uma ordem judicial para que você seja examinada por um médico especialista, para sua segurança. Quando conseguir a ordem, mandarei até o endereço registrado nos nossos arquivos.

- Obrigada, policial. Qualquer informação que puder nos fornecer, já nos deixará mais tranquilos. - diz Vinicius, apertando a mão do policial.

Quando estou saindo, vejo o pai de um dos meus colegas de sala.

- Policial Pedro, como vai? Se lembra de mim? Sou colega de classe do seu filho, Mathias. - digo, tentando ser educada.

- Franciny, eu estou bem! Como é bom ver você. Apesar de estar sabendo o que aconteceu com você. Sinto muito... mas estou aqui se precisar de ajuda - diz ele, sendo gentil.

- Não se preocupe. Aqui se faz, aqui se paga. Vou focar em começar novamente agora, e como sou de maior, minha guarda não será mais de ninguém. Minha vida é minha agora - digo quase flutuando por sentir a liberdade na minha espinha.

- É incrível ver a força surgir. Pode ter certeza, ela pode nos deixar na mão quando mais precisamos, mas chame por ela dentro da sua alma, e ela te socorrerá. Deus está sempre conosco, Franciny. - diz ele, e acabo lembrando de que o Pedro é super religioso.

- Bom, agora vou ir. Estou cansada, e os dias tem sido bem árduos desde aquele dia marcante - respondo - diga ao Mathias que eu mandei um oi.

- Pode deixar! Se precisar já sabe. Que Deus esteja com vocês dois. - ele diz se despedindo e seguindo até a porta de uma das salas.

Saímos e entramos no carro. No caminho, ficamos em silêncio apenas apreciando: - I feel so bad, do Kungs.
Gosto tanto da batida dessa música, é  extremamente contagiante. Mas o trânsito de São Paulo é estressante... e sem paciência, acabo adormecendo e acordando com a voz do Vinícius parado na portaria do condomínio.
Escuto ele dizendo: 

- Felipe, quero que mande triplicar a segurança da minha casa, já que meus pais estão viajando e eu estou sozinho.

- Tudo bem, senhor! Agora mesmo. - diz Felipe.

Vamos até a garagem e assim que para o carro, Vinícius sai e me deixa sozinha. Saio com medo do carro e chegando no quarto faço um carinho no Cookie que já está bem apegado a mim.
Percebo que Vinícius está tomando banho, sinto que ele está com muita raiva por conta do meu pai ter conseguido fugir, e de que qualquer forma, ele estivesse com medo de que algo me acontecesse. Resolvo ir um tomar banho com ele. Tiro minha roupa e entro no box, quando me vê se vira rapidamente e me beija.
Ficamos um bom tempo juntos.

- Ele não vai te tocar, Franciny! Nunca mais. - diz Vinícius, me abraçando forte.

- Eu confio em você, amor. - digo e ele me dá um beijo.

- Eu só quero que as coisas melhorem pra você... Pra nós. E quero ver aquele filho da mãe atrás das grades! - diz ele.
Permaneço em silêncio.
Ficamos um bom tempo juntos, aconchegados ao corpo um do outro. A reflexão toma conta de mim, mas quando estou relaxada o tempo passa muito rápido.

Então saímos do chuveiro e enquanto me visto ele me espera e descemos juntos pra jantar. Quando chegamos lá em baixo, vejo o pai de Vinícius conversando com meu pai. Não sinto minhas pernas!

A Profundidade Do SilêncioOnde histórias criam vida. Descubra agora