O que há depois da porta

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 Depois de ter fechado sua oficina/garagem e marcenaria, Nicolau caminha pela sua pequena fazenda, ele estava imundo, de suor e pó de serra, caminhava lentamente pensando em casa palavra do Dr. Miller, até Greg havia lhe dado uma folga (coisa rara), o homem pensava que sua cabeça iria estourar a qualquer momento. Não era fácil ter "outra vida" mesmo que imaginária dentro de si de sua mente. - então ele caminhava para respirar melhor, ele vai até o pequeno celeiro, uma vaca que estava deitada não pareceu incomodar-se com ele, ele fecha o local e passa pelo galinheiro ao lado, estava doido para tomar um bom banho e livrar-se de toda aquela sujeira, coisa da qual odiava se sentir...sujo. Mais à frente ele chega ao chiqueiro dos porcos, ele observa os animais em silêncio, mas havia um olhar distante, maldoso e nesse mesmo instante sua feição muda, dando espaço para Greg.

_Contemplando os amigos suínos, Nick? 

 E como de costume a face do homem mais uma vez transmutou-se, deixando o jeito carrancudo de Greg para a expressão séria de Nicolau. 

_Ele... eles não são meus amigos. Deveria matar todos eles. - Resmunga Nicolau.

 Cada vez que Nicolau ou Greg falavam, suas feições tomavam formas.

_Pra quê guardar tanta mágoa, meu caro Nick? Os bichinhos não tem culpa de nada, pelo contrário, te fizeram companhia por um bom tempo.

_Não gosto de me lembrar disso e você sabe. - Argumenta Nicolau.

_Temos que lembrar de tudo o que nos foi ruim, Nick...eu já te disse. Isso alimenta nossa raiva, nos faz lembrar pelo o que passamos. Droga, Nicolau. Somos as vítimas dessa história, é isso o que somos...as vítimas. Não esqueça disso...nunca.

_E o que fazemos...em relação a Becca, justifica?

 A vez era de Greg, porém sua feição estava indecifrável, e Nicolau aproveita a deixa para continuar:

_Desejamos ela...nossa filha! Pegamos aquela menina nos braços e hoje...hoje me masturbo pensando nela - Nicolau começa tirar a sujeira do corpo de forma frenética, desesperada. - eu sei que isso... que isso é errado. Droga! Essa sujeira toda... merda... - Ele se arranhava com força até tirar o máximo de sujeira.

_Chega...chega, droga! Dá pra ser normal por um instante? - Greg esbraveja. - Porra! Eu sou sua sua parte maluca e ainda tenho que controlar você? Não sacaneia.

_Você... é tão desprezível, eu... eu...

_Chega desse chilique... dessa frescura de TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo). Essa sua mania de limpeza me irrita - Greg respira fundo e volta a falar, dessa vez com a voz mais controlada. - a Rebecca... ela é nossa filha, nossa princesa amada. Aconteceu! Ela é especial... pura. Nenhum homem é digno de tocá-la... apenas você... eu, nós. Acredite em mim, Nick...ela será nossa um dia, depois que entender que não há nenhum problema com esta situação.

_Mas...como?

_Deixa comigo.

***

 Enquanto tomava banho e feito um desesperado livrava-se de toda aquela sujeira, Nicolau tentava relaxar. As palavras de Greg martelavam em sua mente e logo ele lembra-se do copo de leite que serviu a Becca mais cedo. A imagem vem como um rápido deslumbre, seguido da lembrança de Greg "batizando" a bebida que deu a menina.

_Meu... - Nicolau não parecia estar pulando de alegria, mas também não parecia chocado. - Deus.

- É melhor deixá-lo fora disso. - Diz Greg na mente de Nicolau.

_Seu cretino...doente. - Nicolau falava entredentes para não acordar a esposa que dormia em sua suíte.

- Ora, não me venha com essa, santinho do pau oco. Vai se foder... lembra do que disso ao Dr. Ed. Miller? Que não sou real, que sou fruto de sua imaginação - Greg falava mansamente, mas com um tom ameaçador. - então, se for assim significa que todas as minhas atitudes são frutos dos seus desejos, suas vontades. Por Deus, pensei que isso estivesse mais que explicado. Então, se existe alguém aqui que é um cretino doente, não sou, né mesmo?

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