Anos depois...

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O Diário de Lisandro.

"É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas".

Essa é sem dúvida uma das frases favoritas do meu primeiro livro que ganhei quando tinha cinco anos. Sempre que Ele machuca a mamãe eu a vejo chorar e muitas vezes falando para si mesma que tudo vai acabar bem.

Eu sempre gostei de O Pequeno Príncipe e por isso eu o já li trinta vezes - sem exagero - e só depois da décima quinta eu percebi o motivo de minha mamãe ter me presenteado com ele e ter insistido para o ler pela primeira vez. A história dele me faz lembrar um pouco de mim mesmo, exceto pela parte de eu nunca ter saído antes do meu pequeno "planeta" e o fato de ter minha mamãe e minha irmãzinha.

Ele sempre diz que a mamãe está ficando velha e resmungona e sobre isso é até de se entender, pois as vezes a mamãe é tão chata que brigo com ela, também gosto de ficar um pouco sozinho, mas parece ela esquece da Hérmia e de mim e fica num mundo do qual só ela existe. A mamãe costuma dizer que fica em seu Casulo de Tristeza e isso também me deixa mal.

Ela sempre fica lá na escada, sentada e chorando, ou passando horas no chão do chuveiro embaixo d'água, como se aquilo lhe ajudasse de alguma forma, sem falar que ela ficando roendo suas unhas até sangrarem. Eu a amo tanto, mas parece que não somos o suficiente para ela que sempre fala das outras pessoas, ou de sua outra vida antes de mim e Hérmia e isso me irrita bastante, afinal, qual é o problema de ficar só nós três?

Quando nas raras oportunidades de Ele vir nos ver é só fingir que estávamos dormindo ou doente como sempre fazemos.

Ou talvez... eu seja o problema por ser um covarde - não que já não tenha levado uns tabefes dele ao defender a mamãe, mas isso me parece tão normal... - mas se num mundo tão pequeno quanto o meu existe tanto mal imagina em um muito maior?

***

Depois de sua tentativa falha de matar Greg quando estava hospitalizada, Lia Lindenberg não perdeu tempo e fugiu da cidade, anos depois da morte de sua mãe ela chega em Bosque dos Anjos - a cidade ao qual tanto odiou. - Por anos arquitetou sua vingança contra o responsável pela morte de seu filho não nascido, assim como fez em relação a Edward Miller, pois apesar de não possuir provas suficientes tinha quase certeza de que ele era o Chacal e consequentemente o responsável pela morte de P.C. o mesmo que ela jurou vingança em seu túmulo, e agora que retornara à cidade com a desculpa de vender a casa de sua falecida mãe, ela parecia ter planos em sua mente do mal.

_Lia! - Uma mulher de pele muito branca, magra, alta e muito bonita que usava um turbante vermelho e roupas largas se aproxima da mulher de cara fechada à sua frente. - Você não é mais uma garotinha emburrada, e sim um mulherão... que continua emburrada.

_Marcela - Lia consegue mostrar um sorriso. - Quanto tempo.

As duas mulheres se abraçam enquanto alguns moradores da cidade que estavam ali as observavam e conversavam entre si.

Marcela foi uma mulher que cuidou de Lia até ela se recuperar, ela estava no hospital no dia em Lia de entrada depois de agredida, pois uma de "suas meninas" havia perdido o bebê e como presenciou que Lia não recebia visitas acabou se aproximando da garota.

Marcela era uma cafetina que havia chegado à pouco tempo naquela época, mas que agora não trabalhava com prostituição, pois em vez de um bordel ela agora era dona de uma boate de Strip-tease.

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