Presa e predador parte 2

295 34 12
                                    

Josafá Casa Grande continuava largado em sua poltrona bebendo em sua garrafa de Whisky quando seu celular toca mais uma vez, porém, desta vez foi o toque de mensagem. Ele bufa e revira os olhos ao imaginar que tratava-se de sua ex amante afim de mais uma transa "descompromissada", como Mirna usava para de certa forma amenizar sua traição em seu casamento, ainda assim Casa Grande pega o aparelho e força sua vista para entender o que lia:

"Você deveria ser um filho da puta menos egocêntrico e metido. Seu sobrinho está correndo perigo. Equipe à caminho p/ a divisa da cidade... Rápido, seu cuzão".

***
O quarto seria de um silêncio perturbador, se não fosse pelo barulho dos equipamentos eletrônicos que mantinha o corpo sofrido do jovem Laerte vivo. A expressão do rapaz continuava impassível e... Quieta.

Em sua mente, ele ainda continuava na escuridão das águas do rio.

***

Descontrolada, e em meios a socos e ponta pés, com a mão direita Becca dá mais um soco na porta, porém, logo cessou quando sentiu o pulso fraturar. Ela grita de dor e dá um passo para trás, e por pouco não tropeça e desaba escada abaixo.

A garota senta-se no degrau aos prantos enquanto apoia sua mão fraturada sob a outra, ela encara o pulso inchado e com uns dedos tortos, mas a dor maior era outra. Sempre amada por todos - exceto por Lia, claro. - A menina loira e simpática, nunca escondeu suas origens, e sempre se orgulhou de seu amado pai protetor, e um homem mentalmente perturbado.

Na escola ela sempre era elegida aos principais cargos colegiais, de presidente de sala a Rainha do Baile de Fim de Ano. Entre amigos C.D.F's e populares, Becca era amada, adorada, invejada. Mas por trás de uma suposta vida perfeita sendo uma jovem e linda menina rica, filha do prefeito da cidade, Rebecca Motta vivia nas sombras de lembranças ou pesadelos, pensamentos que a fazia questionar entre real e irreal.

Quase todas as noites, desde de seus doze anos de idade, Becca era dopada pelo próprio pai que a levava todas as noites, leite, chocolate, suco, etc. - quase sempre "batizados". - Nas madrugadas em que toda família dormia, seu pai entrava em seu quarto, no início ele só à observava e apenas aquilo o excitava, mas depois sua outra personalidade o instiga a ir mais longe, e depois que os toques e as masturbações já não eram o suficiente, ele planejou o futuro suposto desaparecimento da filha para mantê-la como escrava sexual em seu próprio porão.

Vendo suas lembranças cada vez mais distantes, a garota desce a escada apoiando-se nas paredes. Becca olha para cada canto daquele cubículo, mas não tinha nada, nem um buraco ou brecha que lhe desse esperança de fuga. Mas aquilo não era coisa de amador, tudo pensado e arquitetado. A briga no estacionamento da festa da Miss Bosque dos Anjos foi uma oportunidade perigosa e arriscada, anos de trabalho cuidadoso (sempre mandando a família viajar e ter mais tempo em seu projeto de trabalho diário) que não poderia deixar passar.

_O que vai ser de mim? - Ela toca de leve em seu ventre. - O que vai ser de nós?

***
O coração de P.C. estava aos pulos, mas apesar do medo da morte, era impossível negar a adrenalina que trazia consigo e, de certa forma, era bom.

Ele agora não iria deixar passar essa chance que a vida lhe dera, ou apenas adiara, dependendo do ponto de vista.

Ele tenta levantar, mas desiste ao sentir uma dor aguda em uma de suas costelas, entre várias escoriações sua cabeça também latejava, e ele sabia o motivo quando sentiu o gosto do próprio sangue em sua boca que descia de sua testa. Mas aquilo era o menor de seus problemas, P.C. encara o pedaço de um galho atravessado em sua coxa direita. Ele engole à seco e geme de dor, e de certa forma ele não conseguia acreditar que aquilo estava mesmo acontecendo.

PAI NOSSOOnde histórias criam vida. Descubra agora