Segredos

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A dor da perda é indescritível.

Ao amar, e deixar ser amado... E a qualquer momento ele não existe, além das memórias.

Já haviam se passados dias desde o funeral, ainda assim não houve um dia em que Josafá Casa Grande não visitasse seu túmulo, sempre com seu pequeno cantil de Whisky discretamente escondido no bolso do paletó. Ele não derramava lágrimas - já havia se expressado demais no maldito dia que... - Ele queria apenas ficar só, sentia-se culpado, claro.

O garoto era destemido, quando colocava uma coisa na cabeça... Mas isso já não importava mais. Ele não estava mais lá, mas foi aquela maldita briga que o deixava desconfortável - o que foi que deu em mim, porque bati nele? - O garoto não sabia muita coisa, só queria pegar o maldito "cara das múmias ", ao qual a mídia insistia em apelidar de o Chacal - um covarde desses não merece os holofotes, e sim uma cadeira elétrica. -  Mas o que esperar? Ele sentia a culpa tão próxima que quase podia tocar.

Não importa se a mesma maldita mídia insista no assunto de que o P.C. é o verdadeiro herói, nada disso importava sem ele. 

P.C. facilitou para provar que de fato existia um assassino em série, e mais do que isso, trouxe suas vítimas para que seus entes queridos lhe fizessem um funeral digno que estava marcado naquele dia na própria prefeitura da cidade - o maldito prefeito fez questão de fazer as honras.

Os dias em Bosque dos Anjos se passaram em grande temor. A pacata cidade agora não só amedrontava os moradores como também atraíam olhares de outros.

Greg estava sentado na poltrona de seu gabinete, tragava um charuto com um cheiro bom. Ao contrário de Nick, ele mantinha os espelhos por perto, ele gosta de mostrar que ele está no controle, o oposto de Nick que ultimamente aparece com menos frequência.

Alguém bate de leve na porta, logo em seguida um lindo rosto surge.

_Sr.Motta... - o lindo rosto de Yumi Nakamura surge em um sorriso contido. - Bom dia.

Greg encara a nova secretária por uns segundos que parecem horas para a jovem - apetitosa. - Greg quase deixa escapar um sorriso convidativo para a moça asiática, e responde lentamente.

_Bom dia, Srta Nakamura... Por acaso já lhe disseram o quanto está linda hoje? - Desde que sua última secretaria pediu demissão, a jovem Yume assumiu o cargo oficialmente. Segundo as más línguas, a última não aguentou os olhares de desejo do prefeito.

Nakamura força um sorriso sem graça para parecer simpática. Queria sair o quanto antes.

_O Dr. Miller... Ele já está aqui.

Greg a encara segundos mais.

_Por favor, deixe ele entrar.

Yume força outro sorriso, mas se detém na porta.

_Algum problema? - Greg a imagina nua e de bruços em sua mesa, puxando o cabelo da garota enquanto ela implora para ele parar.

Ela entra de fininho e respira fundo.

_O Senhor...

_Não me chame assim... - Ele sorrir.

_Você conhece meu pai há anos, seu filho já mora conosco há tanto tempo e recentemente ele... - Yume sabia que não era de sua conta, mas amava muito o Roger para deixar aquela oportunidade passar. - Eu não quero me meter em sua vida, mas ele é seu filho.

Greg continua com sua expressão de pedra até estreitar seus olhos vazios e é visível o sorriso no canto de sua boca.

_Vocês... - ele sorrir. - Não, vocês não estão juntos.

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