O Covil do Chacal

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Miller encara o reflexo de seu olhar sem alma na lâmina de seu punhal.

_Essa belezura aqui... Bom, confesso que não sou de me gabar, mas isto..., pertenceu à própria Cleópatra. Um de seus antigos tesouros, e garanto que muitos outros já sentiram essa lâmina antes - o olhar de Miller salta para Bruno que entende que chegara sua hora. - E agora... É sua vez.

_SOCORRO!

_Sinta-se à vontade para gritar o quanto quiser... - Ele abre um sorriso. - É uma das partes que mais gosto.

Os olhos de P.C. estavam arregalados e suas mãos à frente pareciam firmes num punho fechado - o desgraçado confessou. Ele vai mata-lo!

Num bote certeiro Miller agarrou o cabelo do garoto pela nuca, Bruno debateu-se, mas logo tudo aconteceu!

Nesse mesmo instante o jovem P.C. agarrou os calcanhares do assassino e os puxou. As costas de Miller desabaram contra o chão de cascalho fazendo o ar sumir de seus pulmões, tanto o punhal, quanto o lenço caíram no chão.

***


***

Completamente perplexo e sem fôlego, Miller tentava processar o que havia acontecido. Algo agarrou os seus calcanhares, e em meio a tosse devido a pancada nas costas, Miller tateava o chão em busca do punhal enquanto seus olhos encararam os de P.C. que agora lutava para sair debaixo da mini van - não pode ser. - Miller também tenta levantar-se, mas as mãos do Investigador ainda os agarravam, até quando Miller o acertou com um chute no rosto.

O golpe foi forte, mas o Investigador sabia que não tinha muito tempo, e ainda assim também  puxava sua perna ferida para sair debaixo do veículo, P.C. largou os tornozelos de Miller quando teve a chance de puxar sua perna com uma das mãos, e mesmo com a forte dor o jovem agora estava de pé.

Antes de Miller levantar-se o investigador o acertou com um chute em sua costela - ele odiava covardia, mas estava machucado e cansado de mais para uma luta justa com um assassino covarde e cruel. - Mais um chute, desta vez no estômago fez o assassino ficar imóvel.

P.C. volta sua atenção para o jovem Bruno que o encarava com gratidão e surpresa. Ele precisava certificar-se de que o garoto estava bem, mas bastou apenas aquele segundo de distração para Miller passar uma rasteira em P.C. que caiu de joelhos, e ao tentar levantar-se deu de cara com o assassino lhe apontando uma pistola.

Miller sorrir e uma semelhança demoníaca surge em sua expressão albina e bizarra.

_Foi uma tentativa heroica. Imprudente, claro, mas heroica - dizia Miller caminhando lentamente em direção à P.C. que agora arrastava-se para perto da minivan.

_Como não consegui sentir esse cheiro antes? - P.C. cuspia as palavras em puro ódio. - Você... Era você o tempo todo. E mesmo sentindo esse cheiro pútrido que exala de todos vocês eu cometi o erro em não te notar antes. Mas não foi muita surpresa no fim das contas.

_Cheiro? - Miller dá um meio sorriso. - Essa é novidade pra mim. Enfim, você realmente me surpreendeu, mais até do que aquele seu amigo que tive que matar.

_Lion... - P.C. o encara com lágrimas nos olhos. - Filho da puta, você vai pagar por isso.

_Eu gostaria de ter mais tempo, mas eu não tenho... - Miller mira na cabeça de P.C., mas antes de seu indicador tocar no gatilho, Bruno se jogou contra seu agressor, ambos desabaram contra o chão.

Houve um disparo, e sem perder tempo P.C. também foi para cima, ele segura a mão de Miller, a mesma que empunhavam a arma, mas o psiquiatra o acerta com um soco de esquerda, o Investigador esperava que Bruno continuasse lutando, mas o corpo do garoto estava imóvel em cima daquela bagunça de braços e pernas. Finalmente P.C. consegue o controle da situação quando acerta o primeiro soco na cabeça de Miller, o segundo foi mais forte, mas a outra mão de Miller já alcançava o punhal de Cleópatra que estava caído próximo à eles e o enfia contra as costas do jovem Investigador.

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