𝟎𝟎𝟒| 𝓙𝓾𝓼𝓽𝓲𝓬̧𝓪

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𝟒

Uma semana depois, Bernardo saiu do trabalho e decidiu fazer uma surpresa à Lívia, indo buscá-la na porta do teatro. Seu espetáculo ficaria em cartaz por mais dois meses, até que ela começasse a produzir o próximo.

Decidiu ir comprar um algodão doce para ela enquanto a mesma não saia. Tecnicamente já era para Lívia ter saído três minutos atrás.

— Um, por favor. — Bernardo pediu ao vendedor entregando o dinheiro, que sorriu e tirou um algodão doce da cor rosa. — Obrigado. — Virou-se a tempo de ver Lívia parada na entrada do teatro. Ela agradecia educadamente os elogios de algumas pessoas que haviam assistido à apresentação.

— Muito obrigada! — Lívia agradeceu novamente e se afastou um pouco quando sentiu seu celular vibrando dentro do bolso. Era Bernardo. Sorriu e atendeu rapidamente. — Oi, amor.

— Como foi a sua noite? — Ele perguntou tendo consciência de que ela ainda não o tinha visto.

— Como todas as outras. Impressionante. — Falou pausadamente. — E o seu dia? Conseguiu resolver aquele problema?

Bernardo começou a contar que tinha conversado mais cedo com o seu chefe, que a denúncia tinha sido feita e pelo que sabia já estavam providenciando um mandado de prisão contra Luiz Schumacher.

Já Luiz, no outro lado da cidade, colocava suas roupas o mais rápido possível dentro de duas malas. Tinha que correr para o aeroporto, seu avião para Madrid saia em poucas horas.

— Eu tenho o direito de saber para onde você vai, Luiz! Está indo embora de casa, mereço ao menos uma explicação! — Vanessa rebateu enquanto Luiz passava apressado pela sala.

— Minha querida, é apenas uma viagem de negócios. Não se preocupe. — Mentiu dando um selinho em Vanessa, que estava cansada de tantas mentiras. Na certa iria viajar com alguma amante enquanto ela ficava ali, fazendo cara de paisagem, sendo a boa e obediente esposa. — Agora me ajude a levar essas malas para o carro, meu voo sai em breve.

Mesmo irritada, Vanessa pegou uma das malas e saiu arrastando-a para garagem, seguindo Luiz até o seu carro.

— Então por que não posso ir com você? — Ela esbravejou batendo os pés no chão.

— Não insista, Vanessa. Já lhe disse, não posso te levar, vou ficar alguns meses fora, mas volto assim que possível. — Luiz terminou de guardar as malas e ativou o portão automático. — Não se preocupe, querida. — Repetiu, se despedindo uma última vez antes de entrar no carro.

— Já estou me cansando dessa palhaçada! Um dia ainda vou embora dessa casa! — Vanessa bufou, observando o carro do marido sumir na esquina de um dos condomínios mais nobres do Rio de Janeiro. — Maldita hora que abri mão da minha vida! — Resmungou, lembrando-se da época que era uma atriz em ascendência, e entrou dentro da casa se sentindo solitária com o silêncio da mesma.

Vanessa estava no auge dos seus vinte e oito anos de idade e tinha se afundado ao aceitar casar-se com Luiz e dividir o sobrenome Schumacher. Era infeliz, e tinha consciência que fez uma burrada ao se apaixonar por um homem que não valia o chão que pisava.

Luiz fugia para o aeroporto desgovernadamente pelas ruas do Rio, ultrapassando perigosamente vários carros. Precisava sair daquele país o quanto antes.

— Sai da minha frente, seu energúmeno! — Gritou, buzinando para um caminhão de mudanças à sua frente.

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— Ele precisava saber, Liv. — Bernardo disse quando terminou de contar tudo. — Os funcionários estavam há algum tempo sem ver esse dinheiro. Eles tinham que receber! — Falava ao telefone enquanto esperava por ela do outro lado da rua.

— Amor, você não tinha como saber. — Lívia falou quando notou um pingo de culpa na voz dele.

— Lívia, tem muita injustiça nessa vida, estou cansado de saber que essa gente poderosa sempre é privilegiada em algo. — Ele grunhiu. Ficaram alguns segundos em silêncio. — Amor? — Perguntou quando não obteve resposta da parte dela.

— Você é o homem mais lindo desse mundo! — Lívia gargalhou alto, fazendo com que Bernardo se virasse lentamente e notasse que ela estava lhe encarando do outro lado da calçada.

Finalmente Lívia tinha percebido que ele estava ali.

— Você parece que é mágica... — Bernardo sussurrou com o coração acelerado. — Quando aparece todos os problemas somem. — Observou o sorriso dela, o seu preferido no mundo inteiro. — Um doce para outro doce. — Mostrou a ela o algodão açucarado, e Lívia desligou o celular, pronta para ir ao encontro dele.

Lívia gargalhou quando o viu piscando para ela e foi atravessando a rua, distraída. Até que inesperadamente um carro surgiu do nada em alta velocidade e se chocou contra ela, Lívia só teve tempo de sentir o impacto contra ela. Foi tudo muito rápido, em um segundo ela estava sorrindo feliz para Bernardo já no outro desmaiada no chão, sangrando abundantemente.

— Lívia! — Bernardo gritou desesperado, correndo para socorrê-la. O acidente havia sido feio, Lívia tinha rolado por cima do carro e caído a toda velocidade no chão.

"Alguém chama a ambulância, por favor, gente"

"O que aconteceu?"

"Oh meu Deus!"

"Esse carro veio desgovernado e atropelou a moça"

— Meu amor... — Colocou a cabeça de Lívia em cima do seu colo enquanto um amontoado de pessoas se formava em volta deles. — Hey, eu tenho que levar ela para o hospital! — Gritou para o motorista que a atropelou, mas ele simplesmente virou as costas e entrou novamente dentro do carro, deixando o local cantando pneu. Bernardo teve a impressão de ter visto Luiz. Sim, era ele. — Volte aqui! Volte, volte aqui seu desgraçado! — Berrou, mas Luiz rapidamente saiu dali, sem prestar socorros.

Olhou desesperado para os lados, buscando ajuda, mas todos pareciam chocados com o acontecido, principalmente as pessoas que acabara de sair do espetáculo.

— Ajuda! Ajuda, chama uma ambulância, uma ambulância! — Bernardo implorou para quem estava presente. — Liga para uma ambulância! — Gritou novamente para um homem em específico assim que comprovou que o coração dela ainda batia no peito.

O homem rapidamente tirou o telefone do bolso e discou, acordando do transe.

Demorou uma hora até que uma ambulância finalmente aparecesse.

Demorou uma hora até que uma ambulância finalmente aparecesse

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